quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Pesquisas científicas sobre a imortalidade da alma

Pesquisas científicas sobre a imortalidade da alma
Álvaro Chrispino
1 – Sensitivos e alguns de seus pesquisadores dos fenômenos de materialização.


SensitivosEspíritosPesquisadores
Florence CookMarie e Katie KingCrookes
Marthe Beraud
(Eva Carriere)
Bien-Boa e FrígiaRichet
Schrenck-Notzing
Madame Bisson
General Noël
William EglintonJoey Sandy,
Ernest Abdulah,
Aparições coletivas
Aksakof
E. D’EspéranceYolanda
Nèpenthès
Aksakof
Von Bergen
Sr. Fidler
Carmine MirabelliGuiseppe Parini
Petrucelli
Kate FoxEstela Livermore
Benjamim Franklin
Sr. Livermore
Eusápia PalladinoJohn
Diversos outros
Bozzano
Círculo de Viena
Franck KluskiDiversos espíritosPawloski
Geley
Richet
Pesq. Poloneses
Srta. WoodDiversos espíritosD’Arsonval
Mme. HullLuzzia HatohSr. Hatoh
Esthel PostDiversos espíritosDr. Ted Edwin
Frank DeckerDiversos espíritosDr. Ted Edwin
Sra. HollisDiversos espíritosDr. N. B. Wolfe
Linda GazzeraDiversos espíritosSchrenck-Notzing
Richet
Fontenay
Imoda
D.D. HomeDannie
Diversos espíritos
Crookes
Lord Adare
GouzykDiversos espíritosGeley
Helen DuncanDiversos espíritosS. A. Wood
Sra. SalmonLucie
Mandy
Paul Gibier
Sra. HardyDiversos espíritosProf. Denton
SladeDiversos espíritosFriedrich Zöllner
StanislawaTomczykP. Lebiedezinsky
Ochorowicz
Schrenck-Nortzing
Sra. ComptonK.Aksakof
Coronel Alcott
Sra. Margery

Crandon

WalterGlen Hamilton
Srta. Ada B. ToledoDiversos espíritosH. Carrington
Sra. Lily HopeSunrise
Diversos espíritos
E. H. Sache
Elizabeth M. MercedesDiversos espíritosGlen Hamilton
Maria VolhartDiversos espíritosDr. F. Schwab
Irmãs BangsManifestações parciaisSr. Austin Burnham
Sra. PiperPhinuitLodge
Hyslop
Carmen DominguezLeonoraMarata
Família GoligherDiversos espíritosW. J. Crawford
Ana PradoRachel Figner
João
Anita
Comissão Científica de Belém, Pará
PeixotinhoDiversos espíritosRanieri
Maria M.Walter
Arthur Conan Doyle
Raymond Lodge
Lucy
Glen Hamilton
Sra. FirmanBertie
Outros espíritos
Sr. Oxley
Sr. Reimers
Sr. MonckBertie, Lily
Milke, Richard
Aparições coletivas
Sr. Oxley
Sr. Reimers
Sta. FairlambDiversos espíritosAksakof
Ofélia CorralesMary Brown



2 – Pesquisadores da imortalidade

a) Inglaterra e Estados Unidos
Cormwell Fleetwood Varley – Engenheiro notável, descobridor do Condensador Elétrico, membro da Sociedade Real de Londres, responsável pela comunicação por meio de cabos submarinos entre os continentes. Responsável pela construção dos aparelhos científicos que serviram a Crookes em suas pesquisas psíquicas.

William Fletcher Barret, Sir – Professor de Física do Royal College of Science for Dublin, assistente do professor Tyndall, Membro da Real Sociedade de Londres, fundador da Sociedade for Psychical Reserches. Publicou 3 obras sobre pesquisas psíquicas entre elas “Nos Umbrais do Invisível”.

Oliver Lodge, Sir – Doutor em Ciências, professor de Física da Universidade de Londres, professor catedrático de Física da Universidade de Liverpool, Reitor da Universidade de Birmingham, membro da Academia Real de Londres, presidente da Associação Britânica de Cientistas e da Sociedade de Física, bem como da Sociedade de Pesquisas Psíquicas. Escreveu 30 obras das quais 14 são de fundo espírita, destacam-se; “Why I Believe in Personal Immortality”, “The Reality of Spiritual World” e “Raymond, or Life and Death”.

James Hervey Hyslop – Professor de Lógica e Ética da Universidade de Colúmbia, em Nova York. Escreveu 6 obras e entre elas “A Ciência e a Vida Futura”.

Robert Dale Owen – Estadista, Congressista, membro da Convenção Constitucional da Indiana, Ministro no estrangeiro. Publicou 3 livros podendo ser encontrada a tradução de um deles: “Religião em litígio entre dois mundos”.

George Sexton – Professor, profundo adversário das idéias não físicas; mudando sua maneira de pensar publicou 3 livros em defesa destas idéias, após 15 anos de pesquisas.

W. J. Crawford – Doutor em Ciências, professor de Mecânica Aplicada do Instituto Técnico e da Universidade de Belfast. Autor de 6 livros sendo que dois deles traduzidos. O mais conhecido é “Mecânica Psíquica”.

Frederic W. Myers – Professor da Universidade de Cambridge. Publicou “A Personalidade Humana” e foi co-autor de “Fantasmas dos Vivos”.

Frank Podmore – Professor da Universidade de Cambridge. Autor de “Modern Spiritualism” e foi c-autor de “Fantasmas dos Vivos”.

E. Gurney – Professor da Universidade de Cambridge, co-autor de “Fantasma dos Vivos”.
Thomas Edison – Eletricista e notável inventor americano.

Robert Hare – Notável químico, professor da Universidade de Pensilvânia, escreveu “Experimental Investigations of the Spiritual Manifestations” onde comprova a existência e manifestação dos espíritos. Iniciou suas pesquisas tentando deter “a onda de demência que se pronunciava com o nome de espiritismo”.

Dr. Mapes – Professor de Química da Academia Nacional dos Estados Unidos, que iniciou as pesquisas tentando provar a existência de fraudes, terminou convencendo-se das realidades não-físicas.

Juiz Edmonds – Primeiro magistrado do Supremo Tribunal do Distrito de Nova York, onde foi eleito membro do legislativo e presidente do Senado. Escreveu “Spirit Manifestations”.

Herbert Maio, Dr. – Professor de Anatomia Comparada no Real Colégio de Cirurgiões de Londres escreveu “Letters on the Truth Contained in Popular Superstitions”.

Stainton Moses (Dr. Oxon) – Professor da Universidade de Oxford, escreveu “Spirit Identity, Psychografy” e a obra traduzida “Ensinos Espiritualistas”.

Dr. P. Barkas – Professor de Geologia em New Castle e membro da Sociedade Geológica da mesma cidade, era colaborador do Spiritual Magazine e escreveu “Outlines of Investigations into Modern Spiritualism”.

Dr. Chalis – Professor de Astronomia da Universidade de Cambridge.

Dr. Nassan W. Sênior – Professor de Economia da Universidade de Oxford e chefe da chancelaria. Escreveu “Historical and Philosophical Essais”.

Benjamim Franklin – Notável inventor.

August de Morgan – Professor, presidente da Sociedade de Matemática de Londres e secretário da Real Sociedade. Escreveu dois livros.

William Stead – Estadista, da Conferência de Haya, diretor da Review of Reviews. Publicou três livros e dente eles Carta de Júlia.

Arthur Findlay – Membro de Glasgow Stock Exchange, diretor do Dominion and General Trust, autor de obras de Economia e Finanças, presidente do Instituto Internacional de Pesquisas Psíquicas, presidente do London Spiritualist Alliance, presidente da Psychic e de Light. Autor de “Uma Investigação dos Fenômenos Psíquicos” e do “No Limiar do Etéreo”.

Dr. James Gully – Médico e acatada autoridade inglesa.

Arthur Conan Doyle – Escritor, criador de Sherlock Holmes, autor de “A Nova Revelação”, “Devaneios de um Espiritualista”, “As Fronteiras do Desconhecido” e “A História do Espiritismo”.
Epes Sargent – Foi jornalista, poeta, dramaturgo, novelista, educador e editor americano. Seu trabalho mais difundido é “Bases Científicas do Espiritismo”.

Aldous Huxley – Conhecido escritor inglês. Autor de vários livros sobre percepção extra-sensorial.

Upton Sinclair – Novelista, e autor de cerca de noventa livros, dos quais a novela “The Jungle”. Autor de, dentro outros, “O Rádio Mental”.

Curt John Ducasse – Professor de Filosofia da Universidade Brown, em Providence, Rhode Island. Escreveu “Crença em uma Vida após a Morte”. Era membro da Sociedade Americana de Pesquisas Psíquicas.

William James – Doutor em Medicina, professor de Psicologia e Filosofia. Lecionou na Universidade da Califórnia e na Universidade Stanford. Fundador da Sociedade Americana de Estudos Psíquicos e membro da Sociedade de Pesquisas Físicas, de Londres. Considerado um marco divisório na pesquisa psíquica. Autor de inúmeros livros, artigos e conferências.

Dr. Richard Hodgson – Advogado. Pesquisou, juntamente com William James a sensitiva Sra. Piper. Membro da Sociedade Americana de Pesquisas Psíquicas e editor de jornais de pesquisas psíquicas.

Prof. Joseph Banks Rhine – Professor de Psicologia da Duke University. Considerado o Pai da Parapsicologia. Autor de “O novo Mundo da Mente”, “O Alcance do Espírito”, “Fenômenos Psi e Psiquiatria”, “O Novo Mundo do Espírito”, dentre outros.

Whately Carington – Professor da Universidade de Cambridge. Desenvolveu pesquisas sobre telepatia e desenvolveu as primeiras pesquisas sobre precognição.

Harry Price – Professor catedrático de Lógica da Universidade de Oxford, sustentou a mesma tese de Carington.

Prof. Soal – Da Universidade de Londres, desenvolveu pesquisas sobre o fenômeno de Voz direta.

Dr. Raymond A. Moody Jr. – Doutor em Filosofia, médico, autor de livros de estudos sobre morte clínica e sobrevivência da alma, como “Vida depois da Vida” e “Reflexões sobre a Vida depois da Vida”.

Ian Stevenson – Professor da Universidade da Virgínia, pesquisador mundialmente conhecido no campo da reencarnação, e autor de “20 Casos Sugestivos de Reencarnação”.

Peter Bander – Psicólogo e editor. Autor do livro “Os Espíritos se Comunicam por Gravadores”.

Russel Wallace – Naturalista, colaborador de Darwin. Publicou “Les Miracles et le Modern Spiritualisme”.

William Crookes – Físico e químico famoso, descobridor do tálio e da matéria radiante, pesquisador renomado. Pesquisou as materializações de Kate King. Escreveu “Fatos Espíritas”.

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b) França

Charles Richet – Médico, fisiologista, professor da Sorbonne, prêmio Nobel de 1913. Publicou dezenas de livros. Os traduzidos são: “A Grande Esperança”, “O Sexto Sentido” e a “Porta do Mistério”, esse em co-autoria com Léon Cherrevil.

Dr. J. Maxwell – Membro da Academia de Medicina, professor da Faculdade de Medicina de Paris, procurador geral da Corte de Bordeaux. Publicou “La Magie e Lês Phênomènes Psychiques”.

Prof. Cesar de Vesme – Laureado pela Academia de Ciências de Paris, historiador, publicou diversas obras dentre elas “Visões Grandiosas na Terra e no Ar”, traduzida.

Dr. Eugene Osty – Neurologista de fama internacional, diretor do Instituto Metapsíquico. Participou das mais célebres pesquisas psíquicas e publicou diversos livros.

Dr. Paul Gibier – Médico eminente, discípulo de Pasteur, interno do Hospital de Paris, naturalista do Museu de História Natural, cientista convidado do governo Americano. Autor de “Psicologia Experimental” e “Análise das Coisas” e outras não traduzidas.

Dr. Gustave Geley – Médico em Nancy, ex-diretor do Instituto de Metapsíquica. Morto em desastre de avião previsto 28 meses antes por dois sensitivos: Pascal Forthuny e Mad Peyroutet. Nesta viagem, trazia importantes documentos sobre pesquisas realizadas. Deixou diversas obras, já traduzidas.

Dr. Gabriel Delanne – Cientista, homem de letras, foi um dos mais fecundos defensores dos fenômenos espíritas legando à humanidade diversas obras de preciso valor, tais como: “Evolução Anímica”, “A Alma é Imortal”, “O Espiritismo Perante a Ciência”, “A Reencarnação”, etc.

Camille Flammarion – Astrônomo conhecido mundialmente e cujas obras iluminaram os séculos XIX e XX, deixou dezenas de obras nos diversos campos do conhecimento. Nas pesquisas psíquicas pode-se ressaltar: “A Morte e seus Mistérios”, “Deus na Natureza” e “O inconsciente e os Problemas Psíquicos”, etc.

Eugene Auguste Albert de Rochas D’Aiglun – Engenheiro, professor, diretor da Escola Politécnica de Paris. Conhecido pesquisador da Hipnose, escreveu vários livros que logo se esgotavam, dentre eles: “A Levitação”.

Léon Denis – Jornalista e escritor, legou à humanidade diversos livros de vital importância à continuidade das idéias espíritas no mundo, tais como: “No Invisível”, “O Porque da Vida”, “Joanna D’Arc – Médium”, etc.

Jules Thiebault – Escreveu “L’Ami Disparu”.

Louis Jacolliot – O famoso orientalista, escreveu diversos livros sobre o espiritismo. Traduzidos pode-se encontrar os títulos: “O Espiritismo na Índia” e “As Ações dos Defuntos”.

Barão de Guldenstubbé – Responsável pela introdução do fenômeno de escrita direta nos gabinetes da Europa. Durante treze anos de pesquisa o Barão reuniu mais de duas mil provas de escrita direta.

Dr. Joseph Ageorge – Escritor católico, defensor dos fatos espíritas, especialistas em previsões, assunto sobre o qual publicou 2 livros.

Theodoro Fournoy – Professor de Psicologia da Universidade de Genebra, tornou-se um dos mais importantes pesquisadores do fato espírita. Autor de 3 livros.

Léon Chevreuil – Autor do “O Espiritismo na Igreja”, “A Porta do Mistério” (este em co-autoria com Charles Richet) e outros não traduzidos. Abre um dos capítulos de seu livro “Le Spiritisme Incompris” com as palavras de Sir Oliver Lodge: “Lanço um desafio a meus adversários; sustento que há provas da sobrevivência e que as há perfeitamente sólidas”.

Prof. Julien Ochorowicz – Professor de Psicologia da Universidade de Lemberg, autor de “De la Sugestion Mentale” e pesquisador de notória seriedade em assuntos psíquicos.

Alfred Erny – Médico, autor de “O Psiquismo Experimental”.

Elisabete D’Esperance – Autora de “No País das Sombras”, médium.

Paul Bodier – Autor de “A Vida e a Morte” e “Como Desenvolver a Mediunidade”.

Victor Hugo – Escritor conhecido mundialmente, na casa do qual realizavam-se experiências psíquicas.

Victorien Sardou – Excelente médium desenhista.

Theophile Gautier – O mavioso poeta era adepto dessas idéias.

Maurice Lachâtre – Autor do grande dicionário, era também partidário destas idéias.

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c) Alemanha

Barão Karl Du Prel – Doutor em Filosofia pela Universidade de Tubingem. Participou de diversas comissões de pesquisas com variados sensitivos. Escreveu diversos livros.

Barão de Schrenck Notzing – Médico, discípulo de Hartman e Du Prel, hipnotizador afamado, freqüentou as aulas de Bernheim, em Nancy. Foi um dos mais meticulosos e experientes pesquisadores alemães. Pelo seu gabinete de pesquisa passaram os maiores sábios de seu tempo. Escreveu diversos livros.

Maximiliane Perty – Professor da Universidade de Berna, escreveu 3 livros.

Prof. Rudolf Lambert – Escreveu obra crítica sobre os livros “ Vidente de Prevost”.

J.K. Friedrich Zöllner – Professor de Astronomia e Física da Universidade de Leipzig, publicou “Provas Científicas da Sobrevivência” (trad.).

Dr. Ubaldo Tartaruga – Autor de obras sobre os médiuns Megalis e Silbert.

Dr. August Ludwig – Publicou “A História das Pesquisas Psíquicas, da Antiguidade aos nossos dias”.

Dr. Gustav Pagentecher – Relata as experiências com a médium clarividente Sra. Reys no livro “Percepção Extra-sensorial”.

Prof. Karl Blacker – Catedrático de Química de Viena, editou o “O Oculto sob o Ponto de Vista das Ciências Naturais”.

Wilheim Wundt – Psicólogo alemão, pesquisador psíquico.

W. Edward Weber – Fisiologista alemão, pesquisador psíquico.

Karl G. Thiersch – Patologista, pesquisador psíquico.

A. Heinrich Braune – Químico alemão, pesquisador.

Gustav T.F. Fechner – Cientista alemão, pesquisador.

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d) Itália
Cesare Lombroso – Criminologista, professor de Medicina de Turim, eminente pesquisador psíquico, dirigiu diversos grupos de pesquisa formados por eminentes sábios da época. Escreveu “Hipnotismo e Mediunidade”. Após atacar a veracidade das manifestações, encontrou-se com sua mãe, em espírito, numa reunião de materialização com a médium Eusápia Palladino.

Dr. Eurico Morselli – Especialista em enfermidades nervosas e mentais, professor da Universidade de Gênova. Publicou 3 livros.

Dr. Giovanni Schiapparelli – Diretor do Observatório Astronômico de Milão, sábio conhecido, fez parte da comissão que estudou Eusápia Palladino.

Dr. Francesco Porro – Professor da Universidade de Gênova e diretor do Observatório de Buenos Aires, pesquisador.

Pierre Curie – Descobridor do elemento químico rádio, pesquisador.

Dr. Giuseppe Laponi – Médico, professor de Antropologia, médico dos papas Leão XIII e Pio X. Escreveu “Hipnotismo e Espiritismo”.

Dr. Ernesto Bozzano – Professor da Universidade de Turim. Tornou-se, sem dúvida, um cientista do espírito de alta nomeada e polemista sério tendo refutado obra de René Sudré. Um dos mais sérios divulgadores das idéias espíritas em sua essência. Possui obras de importante teor doutrinário e científico.

Gino Trespioli – Advogado e professor da Universidade de Milão, escreveu diversas obras no campo espiritual ou profissional. Ditou obra mediúnica em 1946.

Dr. Rocco Santoliquido – Professor universitário, diretor geral da Saúde Pública de Itália, Conselheiro de Estado, Presidente do Instituto Metapsíquico, pesquisador e escritor.

Dr. Innocencio Calderone – Fundador da revista “Filosofia della Scienza”, publicou o resultado de pesquisa mundial que fez sobre a reencarnação.

Ernesto Volpi – Diretor de “Vessilo Spiritista”.

Leo Talamonti – Jornalista, especialista em divulgação científica. Publicou o livro “Universo Proibido”.

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e) Outros Países
Alexandre Aksakof – Da Academia de Leipizig, Conselheiro de Estado da Rússia. Autor de diversas pesquisas e livros sobre alguns dos mais conhecidos sensitivos. Autor de “Um Caso de Desmaterialização” e “Animismo e Espiritismo” (refutação à obra de Hartman).

Haraldur Nielson – Reverendo, professor de Teologia em Reykjavik e coadjutor da catedral da mesma cidade (Suécia). Escreveu o livro “O Espiritismo e a Igreja”.

Nils O.Jacobson – Psiquiatra sueco, escreveu uma das mais sérias obras sobre parapsicologia dos tempos modernos (1971): “Vida sem Morte?”.

Friedrich Jüergenson – Pintor sueco, tem desenvolvido pesquisa na área de gravação de vozes em gravadores. Escreveu “Telefone Para o Além”.

Konstantin Raudive – Pesquisador de vozes e das suas gravações, é psicólogo.

Roberto Volterri – Especialista em eletrônica e autor do livro “Psicotrônica”.

Casal Kirlian – Responsáveis pelo desenvolvimento das fotografias Kirlian.

Hamedras Nat Banerje – Professor Universitário de Jaipur, Índia, pesquisador da reencarnação.
Leonid Vassiliev – Professor da Universidade de Leningrado (URSS), pesquisador.

(Fonte: Livro “Conversando Sobre a Morte; ou Epistemologia da Morte”, Álvaro Chrispino, Rio de Janeiro, Edições CELD, 1994, 1ª edição).

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Movimento Espírita

TEMA: Movimento Espírita
Curso: Espiritismo e Evangelho II

1. MOVIMENTO ESPÍRITA: CONCEITO E OBJETIVO


Em verdade, não [...] se pode falar em Movimento Espírita antes da Codificação, pois somente após esta é que o Espiritismo surgiu como Doutrina: a movimentação humana em torno das idéias espíritas só aconteceu após a revelação destas pelo plano espiritual e sua posterior compilação por Allan Kardec. Só a partir daí, portanto, há que falar em ação dos espíritas visando à propagação do Espiritismo que têm por objetivo estudar, divulgar e praticar a Doutrina Espírita, contida nas obras básicas de Allan Kardec, colocando-a ao alcance e a serviço de toda a Humanidade. As atividades que compõem o Movimento Espírita são realizadas por pessoas, isoladamente ou em conjunto, e por Instituições Espíritas. As Instituições Espíritas compreendem:
- Os Grupos, Centros ou Sociedades Espíritas que desenvolvem atividades gerais de estudo, difusão e prática da Doutrina Espírita e que podem ser de pequeno, médio ou grande porte;
- As Entidades Federativas que desenvolvem as atividades de união das Instituições e de unificação do Movimento Espírita;
- As Entidades Especializadas que desenvolvem atividades espíritas especificas, tais como as de assistência e promoção social e as de divulgação doutrinária;
- Os Pequenos Grupos de Estudo do Espiritismo, fundamentalmente voltados para o estudo inicial da Doutrina Espírita.
A ação dos espíritas em torno da divulgação do Espiritismo enfrenta, porém, muitos obstáculos. Kardec os entrevê, como se constata em vários de seus escritos.
Muitas de suas palavras, embora refletiam a situação da época do surgimento da Doutrina Espírita, aplicam-se, com as devidas adaptações, à atualidade. Assim é que, conforme acentua, um [...] dos maiores obstáculos capazes de retardar a propagação da Doutrina seria a falta de unidade. O único meio de evitá-la, senão quanto ao presente, pelo menos quanto ao futuro, é formulá-la em todas as suas partes e até nos mais mínimos detalhes, com tanta precisão e clareza, que impossível se torne qualquer interpretação divergente. [...] Somente o Espiritismo, bem entendido e bem compreendido, pode [...] tornar-se, conforme disseram os Espíritos a grande alavanca da transformação da Humanidade. Mais adiante, continua: Dois elementos hão de concorrer para o progresso do Espiritismo: o estabelecimento teórico da Doutrina e os meios de popularizar. O desenvolvimento cada dia maior, que ela toma, multiplica as nossas relações, que somente tendem a ampliar-se, pelo impulso que lhe darão a nova edição de O Livro dos Espíritos e a publicidade que se fará a esse propósito.
Como se vê, essas palavras do Codificador datam da época da segunda edição de O Livro dos Espíritos, em 1860, ocasião em que a Doutrina Espírita ainda estava sendo elaborada, denotando, contudo, a sua preocupação quanto à unidade do Espiritismo, para que fosse bem compreendido e, assim corretamente divulgado.
O mesmo sucede quando se reporta, por exemplo, aos cismas ou divisões que podem surgir entre os espíritas. Diz o Codificador: Uma questão que desde logo se apresenta é a (divisões) que poderão nascer no seio da Doutrina. Estará preservado deles o Espiritismo? Não, certamente, porque terá, sobretudo no começo, de lutar contra as idéias pessoais, sempre absolutas, tenazes, refratárias a se amalgamarem com as idéias dos demais; e contra a ambição dos que, a despeito de tudo, se empenham pó ligar seus nomes a uma inovação qualquer; dos que criam novidades só para poderem dizer que não pensam ou agem como os outros, pois lhes sofre o amor-próprio por ocuparem uma posição secundária.
Se, porém, o Espiritismo não pode escapar às fraquezas humanas, com as quais se tem de contar sempre, pode todavia neutralizar-lhes as conseqüências e isto é o essencial. É de notar-se que os vários sistemas divergentes, surgidos na origem do Espiritismo, sobre a maneira de explicarem-se os fatos, foram desaparecendo à medida que a Doutrina se completou por meio da observação e de uma teoria racional. [...] É este um fato notório, do qual se pode concluir que as últimas divergências se apagarão com a elucidação integral de todas as partes da Doutrina. Mas, haverá sempre os dissidentes, de ânimo preventivo e interessados, por um motivo ou outro, a constituir bando à parte. Contra a pretensão desses é que cumpre se premunam os demais.
Para assegurar-se, no futuro, a unidade, uma condição se faz indispensável: que todas as partes do conjunto da Doutrina sejam determinadas com precisão e clareza, sem que coisa alguma fique imprecisa. Para isso, procedemos de maneira que os nossos escritos não se prestam a interpretações contraditórias e cuidaremos de que assim aconteça sempre. Quando for dito peremptoriamente e sem ambigüidade que dois e dois são quatro, ninguém poderá pretender que se quis dizer dois e dois fazem cinco. Conseguintemente, seitas poderão formar-se ao lado da Doutrina, seitas que não lhe adotem os princípios ou todos os princípios, porém não dentro da Doutrina, por efeito de interpretação dos textos, como tantas se formaram sobre o sentido das próprias palavras do Evangelho. É este um primeiro ponto de capital importância.
O segundo ponto está em não se sair do âmbito das idéias práticas. Se é certo que a utopia da véspera se torna muitas vezes a verdade do dia seguinte, deixemos que o dia seguinte realize a utopia da véspera, porém não atravanquemos a Doutrina de princípios que possam ser considerados quiméricos e fazer que a repilam os homens positivos.
O terceiro ponto, enfim, é inerente ao caráter essencialmente progressivo da Doutrina. Pleo fato de ela não se embalar com sonhos irrealizáveis, não se segue que se imobilize no presente. Apoiada tão-só nas leis da Natureza, não pode variar mais do que estas leis; mas se uma nova lei for descoberta, tem ela que se pôr de acordo com essa lei. Não lhe cabe fechar a porta a nenhum progresso, sob pena de se suicidar. Assimilando todas as idéias reconhecidamente justas, de qualquer ordem que sejam, físicas ou metafísicas, ela jamais será ultrapassada, constituindo isso uma das principais garantias da sua perpetuidade. Essas considerações do Codificador, como outras que se encontram esparsas por toda a sua obra, formam um conjunto de instruções que, ao serem seguidas, darão ao Movimento Espírita as condições necessárias para que atinja o seu objetivo, que, como vimos, são o estudo, a prática e a divulgação da Doutrina Espírita, colocando-a ao alcance e a serviço da Humanidade.

2. MOVIMENTO ESPÍRITA E DOUTRINA ESPÍRITA
O conceito de Movimento Espírita antes mencionado trona clara a diferença entre este e Doutrina Espírita. Movimento Espírita é, desse modo, a ação dos espíritas, enquanto Doutrina Espírita é [...] o conjunto de princípios e leis, revelados pelos Espíritos Superiores, contidos nas obras de Allan Kardec que constituem a Codificação Espírita: O Livro dos Espíritos, O livro dos Médiuns, O Evangelho Segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno e A Gênese.Todas as demais obras espíritas, por mais preciosas que sejam ou venham a ser, são e serão obras complementares, sem que isso diminua o extraordinário valor de muitas delas, pois a Doutrina Espírita é, como a definiu o próprio Codificador, essencialmente progressiva. [...] A Doutrina Espírita está imune a deturpações, porque qualquer idéia ou conceito que se mostre incompatível com os princípios consagrados nas obras da Codificação, poderá ser tudo, menos Espiritismo. Já o Movimento Espírita, por ser movimento livre de pessoas e instituições humanas, sem obrigações de obediência compulsória a hierarquias religiosas que não possuímos, não goza da mesma imunidade, exigindo, em razão disso, de cada espírita em particular, e de cada grupo ou instituição espírita, uma vigilância permanente, no mais alto sentido, para que nenhuma deturpação comprometa a pureza dos ideais que abraçamos. A força da Doutrina Espírita está em seus princípios e na sua permanente possibilidade de comprovação. [...] A razão de ser do Movimento Espírita só pode ser a divulgação e a prática da Doutrina Espírita. É nesse sentido que todas as potencialidades dos espíritas devem ser canalizadas para a difusão e a vivência do Evangelho Redivivo, à luz da imortalidade e da reencarnação, da justiça perfeita e do inesgotável amor divino. Cada página de livro, jornal ou revista espírita, cada programa espírita de rádio ou televisão, cada palestra ou conferência espírita constituem sagrada oportunidade para a divulgação dos princípios e dos esclarecimentos da Doutrina dos Espíritos, levando à alma do povo as sementes da consolação e da esperança, do entendimento superior da vida e de uma nova conceituação da verdadeira fraternidade, com base nas sublimes verdades reveladas pelo Consolador prometido e enviado por Jesus.
Todo aquele a quem a luz da Doutrina Espírita já iluminou tem o indeclinável dever de aproveitar integralmente as possibilidades que o Senhor da Vinha lhe concede, para estender a luz do conhecimento e do amor, com simplicidade e eficiência, desprendimento e sinceridade. Para falar ao povo simples, o exemplo de Jesus não deve ser esquecido: - a linguagem deve ser singela e direta, franca e fácil como a própria verdade. Importante é levar a mensagem do Espiritismo ao povo com correção e nobreza, elevação e dignidade.
Assim, como exorta Emmanuel, que [...] não devemos especificar os deveres do espírita cristão, porque palavra alguma poderá superar a exemplificação do Cristo, que todo discípulo deve tomar como roteiro da sua vida.
Por isso, os [...] agrupamentos espiritistas necessitam entender que o seu aparelhamento não pode ser análogo ao das associações propriamente humanas.Um grêmio espírita-cristão deve ter, mais que tudo, a característica familiar, onde o amor e a simplicidade figurem na manifestação de todos os sentimentos. Em uma entidade doutrinária, quando surgem as dissensões e lutas internas, revelando partidarismos e hostilidades, é sinal de ausência do Evangelho nos corações, demonstrando-se pelo excesso de material humano e pressagiando o naufrágio das intenções mais generosas. Nesses núcleos de estudo, nenhuma realização se fará sem fraternidade e humildade legítimas, sendo imprescindível que todos os companheiros, entre si, vigiem na boa-vontade e na sinceridade, a fim de não transformarem a excelência do seu patrimônio espiritual numa reprodução dos conventículos católicos, inutilizados pela intriga e pelo fingimento. Cuidemos, pois, para que a Doutrina Espírita se apresente sempre diante do mundo com a sua pureza original, buscando vivenciar os seus princípios enquanto realizamos as atividades que nos competem dentro do Movimento Espírita.


3. HISTÓRIA DO ESPIRITISMO COM ÊNFASE NO BRASIL

- 1744
Em Londres, Emmanuel Swedenborg divulga em livro suas primeiras visões do mundo espiritual.

- 1804
Nasce em Lion, França, Hippolyte Léon Denizard Rivail, que mais tarde, sob o nome de Allan Kardec, foi o Codificador do Espiritismo.

- 1845
Primeiras manifestações registradas oficialmente, no Brasil, no distrito de Mata de São João.

- 1848
Em 31 de março, em Hydesvylle, NY, U.S.A., as irmãs Kate e Margareth Fox recebem mensagem de um espírito.Os primeiros fenômenos de Hydesville, na América do Norte, em 1848, não passaram despercebidos aqui no Brasil. A febre de experimentações que se lhes seguiu, nas grandes cidades da Europa, incendiou, igualmente, no Rio de Janeiro, alguns cérebros mais destacados no meio social.

- 1853
O Rio de Janeiro já possuía um pequeno grupo de estudiosos, entre os quais se podia notar a presença do Marquês de Olinda e do Visconde de Uberaba .

- 1856
Na França, Allan Kardec recebe dos Espíritos a revelação de sua missão na Terra, como Codificador do Espiritismo.

-1857
Em 18 de abril, surgem nas livrarias de Paris, os primeiros exemplares de O LIVRO DOS ESPÍRITOS, de Allan Kardec

- 1865
O Dr. Luiz Olímpio Teles de Menezes funda em Salvador, Bahia, o Grupo Familiar de Espiritismo, que junto de alguns colegas, replicava pelo "Diário da Bahia" a um artigo algo irônico de um cientista francês, desfavorável ao Espiritismo, publicado na Gazette Médicale e transcrito no jornal referido. Inicia-se a correspondência entre Kardec e o Dr. Luís

- 1869
Em julho, inicia-se no Brasil, em Salvador, a publicação da revista O ECO DE ALÉM-TÚMULO, sob a direção de Teles de Menezes.

- 1873
Fundado o "Grupo Confúcio", que pretendia constituir a base fundamental do movimento espiritista brasileiro. Dissolve-se em muito pouco tempo, cerca de três anos depois, para formar-se a "Sociedade de Estudos Espíritas Deus, Cristo e Caridade". Veja abaixo.

- 1876
Funda-se no Rio de Janeiro, em 23 de março, a "Sociedade de Estudos Espíritas Deus, Cristo e Caridade", sob a direção de Francisco Leite de Bittencourt Sampaio e Bezerra de Menezes. Uma diferença de opiniões origina a "Sociedade Espírita Fraternidade". Em Silveira (MG), no dia 30 de julho, o médium Ernesto Castro recebe o espírito de Estevam Mongolfier, que fala sobre o futuro inventor do avião (o brasileiro Santos Dumont,)

- 1883
Inicia-se, em 21 de janeiro, a publicação de O REFORMADOR, fundado por Augusto Elias da Silva.

- 1884Em 1º de janeiro, funda-se a FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRAEm 16 de agosto, no Rio de Janeiro, o Dr. ADOLFO BEZERRA DE MENEZES proclama as suas convicções espíritas e passa a trabalhar intensamente no campo doutrinário.

- 1900
No dia 11 de abril, Bezerra de Menezes assume, no Mundo Espiritual, o apostolado do Espiritismo Brasileiro.

- 1908
É fundada a União Espírita Mineira, sendo Antônio Lima o primeiro presidente.

- 1910
A 2 de abril, nasce em Pedro Leopoldo (MG), FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER

- 1912
A FEB inaugura, em 3 de maio, o CURSO GRATUITO DE ESPERANTO.

- 1925
Surge em Matão (SP), em 15 de fevereiro, sob a direção de Caibar Schutel, a REVISTA INTERNACIONAL DO ESPIRITISMO.

- 1927
Em Pedro Leopoldo, dia 8 de julho, Chico Xavier, em seu próprio lar, assiste à primeira reunião espírita. Funda-se o Centro Espírita Luiz Gonzaga.

- 1931
Chico Xavier começa a psicografar o livro PARNASO DE ALÉM-TÚMULO.

- 1932
A Federação Espírita Brasileira edita o livro PARNASO DE ALÉM-TÚMULO, com grande repercussão na imprensa brasileira.

- 1941
A 11 de junho, funda-se a Sociedade de Medicina e Espiritismo do Rio de Janeiro.

- 1944
A viúva de Humberto de Campos abre processo contra a FEB e CHICO XAVIER.É criada, no Rio de Janeiro, a Cruzada dos Militares Espíritas.

- 1946
A FEB lança, para o mundo, a primeira edição do LIVRO DOS ESPÍRITOS, em Esperanto

- 1948
Funda-se o Clube dos Jornalistas Espíritas de São Paulo.

- 1949
A 5 de outubro são aprovados os 18 itens do PACTO ÁUREO, o mais importante documento do Espiritismo Brasileiro.

- 1950
Instala-se, em decorrência do PACTO ÁUREO, o CONSELHO FEDERATIVO NACIONAL - CFN Viaja para o Nordeste a CARAVANA DA FRATERNIDADE, ampliando o número das federações estaduais. Viajam Lins de Vasconcelos, Carlos Jordão da Silva e Leopoldo Machado.

- 1959Chico Xavier passa a residir em Uberaba.

- 1960A FEB é declarada pelo Presidente Juscelino Kubitschek entidade de UTILIDADE PÚBLICA.

- 1965Chico Xavier e Waldo Vieira realizam uma viagem aos Estados Unidos para divulgar o Espiritismo.O presidente Juscelino Kubitschek, encerra processo penal contra o médium José Arigó, concedendo-lhe indulto.

- 1967Instala-se em Brasília,DF, a FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA.

- 1967Início da realização dos Simpósios Nacionais e Regionais.

- 1968Primeira entrevista de Chico Xavier à Televisão ( TV TUPI de SÃO PAULO)

- 1970Instalam-se os Conselhos Zonais do Norte, Nordeste, Centro e Sul.

- 1977Publicação de "Adequação dos Centros Espíritas para o Melhor Atendimento de suas Finalidades".Campanha de Evangelização da Infância e da Juventude.

- 1980Publicação da "Orientação ao Centro Espírita".

- 1981É proposto o PRÊMIO NOBEL DA PAZ para Francisco Cândido Xavier

- 1984Início da Campanha do Estudo Sistematizado.Lançamento do Manual de Administração dos Centros Espíritas.Carta psicografada por Chico Xavier, ditada pelo espírito de Maurício Garcez Henrique, é a peça fundamental na defesa de um réu.A FEB é transferida para a sede de Brasília - DF.

- 1985Instalação das quatro Comissões Regionais.

- 1989De 1 a 5 de outubro, realiza-se em Brasília o Congresso Internacional do Espiritismo.

- 1990Início da Campanha em Defesa da Vida e "Viver em Família".Publicação de "Comunicação Social Espírita" e "Assistência e Promoção Social Espírita". - 1995Realiza-se, em Brasília-DF, o Congresso Espírita Mundial, com 3.000 inscrições

- 1996Divulgação do Espiritismo através da INTERNET, com a home page http://www.febrasil.org.br, em português, inglês, francês e espanhol.

- 1997Publicação de "Estudo e Prática da Mediunidade"

- 19991º Congresso Espírita Brasileiro, comemorando os 50 anos do PACTO ÁUREO.

Referência bibliográficas:
- Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita – Programa Complementar Tomo único – Movimento Espírita: Conceito e Objetivo. – Ed. FEB
-
http://www.espirito.org.br/
-
http://www.scribd.com/doc/14004738/Mauro-Quintella-Historia-do-Espiritismo-no-Brasil
-
http://www.caminhosluz.com.br/detalhe.asp?codigo1=833
-
http://www.umep.com.br/espiritismo/historia_esp.htm


sábado, 8 de agosto de 2009

As Leis Morais

Paralelamente à lei física, que cabe às ciências particulares buscar as explicações, temos as leis morais. Estas pertencem à alma e concernem às noções do bem e do mal. Cabe ao Espiritismo desvendá-las.

Na pergunta 621 de O Livro dos Espíritos - Onde está escrita a lei de Deus? Os Espíritos respondem que ela está escrita na consciência do ser. E em seguida dizem que há necessidade de sermos lembrados porque a havíamos esquecido.

Como entender que a lei está escrita em nossa consciência? De acordo com os princípios doutrinários, codificados por Allan Kardec, fomos criados simples e ignorantes, sujeitos ao progresso. Nesse sentido, o Espírito André Luiz, no livro Evolução em Dois Mundos, explica-nos que no reino mineral recebemos a atração; no reino vegetal a sensação; no reino animal o instinto; no reino hominal o pensamento contínuo, o livre-arbítrio e a razão. São os pródomos da lei moral, cujo objetivo é transformar os homens em "anjos", "arcanjos" e "querubins". É a potencialização das virtualidades de cada ser.

A CASA MENTAL


O Espírito André Luiz, no livro No Mundo Maior, explica-nos que não podemos dizer que possuímos três cérebros simultaneamente. Temos apenas um que se divide em três regiões distintas. Tomemo-lo como se fosse um castelo de três andares:

subconsciente: 1º andar, onde situamos a residência de nossos impulsos automáticos, simbolizando o sumário vivo dos serviços realizados - hábitos e automatismos;

consciente: 2º andar, localizamos o "domínio das conquistas atuais", onde se erguem e se consolidam as qualidades nobres que estamos edificando - esforço e vontade;

superconsciente: 3º andar, temos a "casa das noções superiores", indicando as iminências que nos cumpre atingir - ideal e meta superiores. (Xavier, No Mundo Maior, 1977, p. 47)

SÍNTESE DAS DEZ LEIS MORAIS


Lei de Adoração – Mostra o sentimento inato que todos os viventes possuem da divindade.

Lei do Trabalho – É uma necessidade. A necessidade é a consciência de que os falta algo. Não se deve confundir trabalho com emprego. Alguns trabalham e não têm emprego; outros têm emprego e não trabalham.

Lei de Reprodução – Relativo à reencarnação. Mostra a necessidade de purificação do Espírito.

Lei de Conservação – Depois da vida, todos sentimos intuitivamente a necessidade de progredir e aperfeiçoar.

Lei de Destruição – A destruição é necessária para que novos corpos apareçam, mais inteligentes e mais argutos. É a renovação e melhoria dos seres vivos.

Lei de Sociedade – Todos os indivíduos têm responsabilidade para com os outros seres humanos. Os mais fortes devem ajudar os mais fracos; os mais inteligentes, os menos.

Lei de Progresso – Há uma inexorabilidade. Quer estejamos encarnados ou desencarnados, todos estaremos sujeitos à lei do progresso.

Lei de Igualdade – Embora todos os Espíritos tenham partido de um mesmo ponto, uns progrediram mais do que os outros. A desigualdade refere-se apenas ao mérito.

Lei de Liberdade – Quanto maior for a obediência à lei de Deus, maior a liberdade dos seres humanos.

Lei de Justiça, Amor e Caridade – É a mais importante, porque resume as leis anteriores.

DEUS

O nosso ponto de partida é Deus, pois foi Ele quem promulgou todas as leis. Contudo, esse termo encerra uma grande dificuldade, pois além de O tratarmos de forma antropomórfica – dar-Lhe as dimensões humanas –, acabamos também O confundindo com o todo universal (Panteísmo). Embora nos falte um sentido para compreender a divindade, há um elemento primordial que pertence a todos os indivíduos, ou seja, a idéia inata de Deus. Isto porque, sendo todos criados por Ele, Dele devemos necessariamente ter a lembrança. Como há ainda muita distância entre o nossa perfeição e perfeição de Deus, os Espíritos superiores nos indicaram um ser angelical para que servisse de modelo, e fosse objeto de nossa reflexão. O seu nome é Jesus Cristo.


JESUS CRISTO

Reencarnou entre nós há dois mil anos e nos trouxe o Evangelho, a Boa Nova, as Bem-Aventuranças, estas proferidas na frauda de um monte, por isso chamado Sermão do Monte ou da MONTANHA, em que faz um resumo das leis morais que a humanidade devia seguir. Antes da vinda de Cristo, os fariseus procuraram realizar a santidade da Lei através de uma exatidão escrupulosa. Desprezando a voz interior da consciência, o resultado foi a desumanização da santidade e o abandono dos bens supremos do amor pelas insignificâncias mais meticulosas da antiga Lei.

Já Cristo combate a moral exterior (codificada nos preceitos), e revela o valor íntimo da consciência aberta para o olhar de Deus. É Deus quem julga as intenções ocultas. Para Cristo, a lâmpada do corpo é o olho da intenção. Se esse olho for puro, o será também todo o corpo. Mas, se a luz do homem tornar-se trevas, ele só poderá caminhar rumo à perdição. (Idígoras, 1983)


O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO

O Evangelho Segundo o Espiritismo é o Evangelho de Jesus, estudado por Allan Kardec e melhorado pelas comunicações de eminentes Espíritos. O cuidado foi tanto com a questão moral que, das cinco partes contidas nos Evangelhos, Kardec procurou deixar de lado as profecias, as notícias históricas, os milagres e as palavras que serviram para a edificação dos dogmas da Igreja, para se dedicar exclusivamente aos ensinamentos morais, pois achava que estes não estavam sujeitos a controvérsias e poderiam ser praticados por qualquer pessoa, em qualquer lugar do globo. Dava-lhe um caráter eminentemente necessário e universal.

CONCLUSÃO

Esqueçamo-nos de nós mesmos, das nossas dificuldades, do nosso egoísmo, da nossa limitação e empenhemo-nos na divulgação da Boa Nova. Somente assim conseguiremos construir um mundo novo e evangelizado.

Fonte: http://www.forumespirita.net

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

As Leis Morais


Curso: Espiritismo e Evangelho II
TEMA: As Leis Morais


São de todos os tempos as leis morais da vida, esta­belecidas pelo Supremo Pai. Invioláveis, constituem o roteiro de felicidade pelo rumo evolutivo, impondo-se, paulatinamente, à inteligência humana achando-se estabelecidas nas bases da harmonia perfeita em que se equilibra a Criação (JOANA DE ÂNGELIS).


OBJETIVOS DO TEMA:
· Apresentar de forma clara e objetiva o que são as Leis Morais, descrevendo as dez partes em que se divide de modo a abranger todas as circunstâncias da vida ;

1 - Lei Divina ou Natural
Q.614: Que se deve entender por lei natural?
“A lei natural é a lei de Deus. É a única verdadeira para a felicidade do homem. Indica-lhe o que deve fazer ou deixar de fazer e ele só é infeliz quando dela se afasta.”

Q. 615: É eterna a lei de Deus?
“Eterna e imutável como o próprio Deus.”
(O Livro dos Espíritos – Allan Kardec)

Quanto mais o homem desenvolve suas faculdades intelectuais e aprimora suas per­cepções espirituais, tanto mais vai-se intei­rando de que o mundo material, esfera de ação da Ciência, e a ordem moral, objeto especula­tivo da Religião, guardam íntimas e profun­das relações entre si, concorrendo, uma e outra, para a harmonia universal, mercê das leis sá­bias, eternas e imutáveis que os regem, como sábio, eterno e imutável é o Seu legislador.
Ninguém contesta ser absolutamente in­dispensável habituar-nos, pouco a pouco, com a intensidade da luz para que ela não nos des­lumbre ou encegueça. A Verdade, do mesmo modo, para que seja útil, precisa ser revelada de conformidade com o grau de entendimento de cada um de nós. Daí não ter sido posta, sempre, ao alcance de todos, igualmente do­sada.
Kardec, instruído pelas vozes do Alto, diz-nos que em todas as épocas e em todos os quadrantes da Terra, sempre houve homens de bem (profetas) inspirados por Deus para auxiliarem a marcha evolutiva da Humanidade.

1.1 - Lei de Adoração
Em todas as épocas, todos os povos pra­ticaram, a seu modo, atos de adoração a um Ente Supremo, o que demonstra ser a ideia de Deus inata e universal.
Com efeito, jamais houve quem não reco­nhecesse intimamente sua fraqueza, e a con­seqüente necessidade de recorrer a Alguém, todo-poderoso, buscando-Lhe o arrimo, o con­forto e a proteção, nos transes mais difíceis desta tão atribulada existência terrena.
Tempos houve em que cada família, cada tribo, cada cidade e cada raça tinha os seus deuses particulares, em cujo louvor o fogo di­vino ardia constantemente na lareira ou nos altares dos templos que lhes eram dedicados.
Retribuindo essas homenagens (assim se acreditava), os deuses tudo faziam pelos seus adoradores, chegando até a se postar à frente dos exércitos das comunas ou das nações a que pertenciam, ajudando-as em guerras de­fensivas ou de conquista.
Em sua imensa ignorância, os homens sempre imaginaram que, tal qual os chefes tri­bais ou os reis e imperadores que os domina­vam aqui na Terra, também os deuses fossem sensíveis às manifestações do culto exterior, e dai a poposidade das cerimônias e dos ritos com que os sagravam.
Imaginavam-nos, por outro lado, ciosos de sua autenticidade ou de sua hegemonia e, vez por outra, adeptos de uma divindade entravam em conflito com os de outra, submetendo-a a provas, sendo então considerado vencedora aquela que conseguisse operar feito mais sur­preendente.
Sirva-nos de exemplo o episódio constante do Livro dos Reis, capo 18, v. 22 a 40. Ali se descreve o desafio proposto por Elias aos adoradores de Baal, para saber-se qual o deus verdadeiro. Colocadas as carnes de um boi sobre o altar dos holocaustos, disse Elias a seus antagonistas: "Invocai vós, primeiro, os nomes dos vossos deuses, e eu invocarei, depois, o nome do meu Senhor; e o deus que ouvir, mandando fogo, esse seja o Deus."
Diz o relato bíblico que por mais que os baalitas invocassem o seu deus, em altos bra­dos e retalhando-se com canivetes e lancetas, segundo o seu costume, nada conseguir.
Chegada a vez do deus de Israel, este fez cair do céu um fogo terrível, que devorou não apenas a vítima e a lenha, mas até as próprias pedras do altar.
Diante disso, auxiliado pelo povo, Elias agarrou os seguidores de Baal e, arrastando-os para a beira de um rio, ali os decapitou.
O monoteísmo, depois de muito tempo, impôs-se, afinal, ao politeísmo, e seria de crer-se que, com esse progresso, compreenden­do que o Deus adorado por todas as religiões é um só, os homens passassem, pelo menos, a respeitar-se mutuamente, visto as diferen­ças, agora, serem apenas quanto à forma de cultuar esse mesmo Deus.
Não foi tal, porém, o que sucedeu. E os próprios "cristãos", séculos após séculos, con­trastando frontalmente com os piedosos ensi­namentos do Cristo, empolgados pelo fanatis­mo da pior espécie, não hesitaram em trucidar, a ferro e fogo, milhares e milhares de "here­ges" e "infiéis", "para maior honra e glória de Deus!" - como se Aquele que é o Senhor da Vida pudesse sentir-se honrado e glorifi­cado com tão nefandos assassínios...
Atualmente, bastante enfraquecido, o sec­tarismo religioso começa a derruir, o que cons­titui prenúncio seguro de melhores dias, daqui para o futuro.
Acreditamos, mesmo, que, graças à rápi­da aceitação que a Doutrina Espírita vem alcançando por toda a parte, muito breve ha­veremos de compreender que todos, sem ex­ceção, somos de origem divina e integrantes de uma só e grande família. E posto que Deus é Amor, não há como adorá-Lo senão "aman­do-nos uns aos outros", pois, como sabiamen­te nos ensina João, o apóstolo (Cap. I ep., 4 :20), "se o homem não ama a seu irmão, que lhe está próximo, como pode amar a Deus, a quem não vê?"

A Prece
“A prece — define Kardec — é uma invo­cação, mediante a qual o homem entra em co­municação com o ser a quem se dirige.”
Deve ser feita diretamente a Deus, que éo Senhor da Vida, mas pode, também, ser-Lhe endereçada, por intermédio dos bons Espíritos (Santos), que são os Seus mensageiros e os executores de Sua vontade.
Três podem ser os objetivos da prece: louvar, pedir e agradecer.
A louvação consiste em exaltar os atri­butos da Divindade, não, evidentemente, com o propósito de ser-Lhe agradável, visto que Deus é inacessível à lisonja. Há-de traduzir-se por um sentimento espontâneo e puro de ad­miração por Aquele que, em todas as Suas manifestações, se revela detentor da perfeição absoluta.
As petições visam a algo que se deseje obter, em benefício próprio ou de outrem. Que é o que se pode pedir? Tudo, desde que não contrarie a Lei de Amor que rege e sus­tenta a Harmonia Universal. Exemplos: per­dão de faltas cometidas forças para resistir às tentações e aos maus pendores proteção contra os inimigos, saúde para os enfermos, iluminação para os Espíritos conturbados e paz para os sofredores (encarnados ou desen­carnados) amparo diante de um perigo imi­nente, coragem para vencer as contingências terrenas, paciência e resignação nos transes aflitivos e dolorosos, inspiração sobre como resolver uma situação difícil, seja ela de ordem material ou moral, etc.
Os agradecimentos obviamente por todas as bênçãos com que Deus nos felicita a exis­tência, pelos favores recebidos, pelas graças alcançadas, pelas vitórias conseguidas e outras coisas semelhantes.
O veículo que conduz a prece até ao seu destinatário é o pensamento o qual se irradia pelo Infinito, através de ondulações mentais, à feição das transmissões radiofônicas ou de televisão, que, por meio das ondas eletromagnéticas, cortam o espaço a uma velocidade de 300.000 quilômetros por segundo.
A eficácia da prece não depende da pos­tura que se adote, das palavras mais ou menos bonitas com que seja. formulada, do lugar onde se esteja, nem de horas convencionais. Decor­re, isto sim, da humildade e da fé daquele que a emite, a par da sinceridade e veemência que lhe imprima.
Não se creia, entretanto, que basta orar, mesmo bem, para que os efeitos desejados se façam sentir de imediato e em qualquer cir­cunstância.
Tal crença seria enganosa.
A prece não pode, por exemplo, anular a Lei de Causa e Efeito, segundo a qual cada um deve colher os resultados do que faz ou deixa de fazer.
Tão-pouco dispensa quem quer que seja do uso das faculdades que possui, nem do tra­balho que Lhe compete, na busca ou na reali­zação do objetivo pretendido.
Por outro lado, nem sempre aquilo que o homem implora corresponde ao que realmente lhe convém, com vistas à sua felicidade fu­tura. Deus, então, em Sua onisciência e su­prema bondade, deixa de atender ao que lhe seria prejudicial, “como procede um pai crite­rioso que recusa ao filho o que seja contrário aos seus interesses
Apesar dessas restrições, longe de ser inútil, a prece é recurso de grande valia, des­de que feita com discernimento, revista-se das qualidades a que nos referimos linhas acima e seja complementada por nós com os movimen­tos de alma ou com os esforços exigidos pela vicissitude que no-la tenha inspirado.
Destarte, quando oramos a Deus, rogando-lhe que nos perdoe uma ação má, é preciso que estejamos efetivamente arrependidos de havê-la praticado e alimentemos o firme pro­pósito de não repetí-la; quando Lhe exoramos que nos livre da sanha de nossos adversários, é indispensável que tomemos a iniciativa de uma reconciliação com eles, ou que, pelo me­nos, a fácilitemos; quando Lhe suplicamos ajuda para sair de uma dificuldade, é necessá­rio que, em recebendo do Alto uma idéia sal­vadora, nos empenhemos em sua execução da melhor forma possível; quando Lhe pedimos ânimo para vencer determinadas fraquezas, é imperioso que façamos a nossa parte, alijando de nossa mente as cogitações e as lembranças que com elas se relacionem dando, também, os devidos passos no sentido de desenvolver as Virtudes que lhes sejam opostas, e assim por diante.
Agindo de conformidade com a máxima: “Ajuda-te, que o céu te ajudará”, estejamos certos, haveremos de contar, sempre, com a assistência e o socorro dos prepostos de Deus, de modo a que, mesmo sem derrogar-lhe as leis, nem frustrar-Lhe os desígnios, sejamos providos daquilo que mais carecemos, quer se trate de remover obstáculos, superar necessi­dades ou minorar tribulações.

Sacrifícios
Compulsando-se a história das religiões, verifica-se que o oferecimento de sacrifícios à Divindade remonta a um passado remotíssimo, a. perder-se na noite das idades.
As oferendas, que a princípio consistiam em frutos da terra, passaram, depois, a constituir-se de animais, cujas carnes eram queimadas nos altares, transformando-se, mais tarde, em sacrifícios humanos.
O Velho Testamento faz inúmeras refe­rências ao holocausto de vítimas humanas aos deuses Baal, Moloque e outros, dando-o como prática generalizada entre os povos asiáticos, sendo que o Gênesis, capítulo 22, nos conta que até mesmo Abraão, um dos patriarcas do Ju­daísmo, intentara. matar seu filho único Isaac, como prova de amor a Jeová, sômente não o fazendo porque, no último instante, um anjo interveio, ordenando fôsse suspensa a. imolação.
Segundo relata um escritor do passado, 300 cidadãos e 200 crianças das melhores fa­mílias de Cartago (África) foram, certa vez, oferecidos em sacrifício a Saturno, visando a aplacar-lhe a ira, por acreditarem que a situação penosa em que se encontravam (o sítio da cidade por poderosas hostes conquistadoras) fósse motivado pelo fato de, até então, só haverem oferecido a essa divindade filhos de escravos estrangeiros.
Na Europa, os sacrifícios humanos, se bem que em menor número, também foram prati­cados séculos pós séculos. Dizem-nos os his­toriadores que na Grécia, para homenagear ou saciar Apolo, Dionísio, Zêus e outros deuses, jovens e crianças eram queimadas em piras fúnebres lançados do alto dos penhascos ou chibatados até a morte. Na Itália, adotava-se o afogamento atirando-se trinta pessoas, anualmente, às águas do rio Tibre. O deus cultuado na Zelândia, verdadeiro monstro, exi­gia, em igual período, o sacrifício de nada menos que noventa e nove pessoas. Na Bretanha, conforme o relato de César, fazia-se uma colossal estátua de vime, enchiam-na de vítimas e deitavam-lhe fogo. Já na Gália, colocavam-nas num altar e abriam-lhe o peito à espada.
Entre os povos Primitivos da América, esse costume bárbaro deve ter vigorado tam­bém, por muito tempo. Haja vista que, quan­do da conquista do México, no século 16, foram encontradas em um templo cerca de 136.000 caveiras de vítimas sacrificadas aos deuses ali adorados pelos astecas.
Esclarecem-nos, entretanto, os mentores espirituais, através de Kardec, que não era por maldade que os homens da Antigüidade proce­diam dessa forma, mas sim por mera igno­rância.
E explicam: em nossos dias, quando nos dispomos a oferecer um presente a alguém, não o escolhemos de tanto maior valor quanto mais estima queiramos testemunhar a esse al­guém, ou quanto mais interesse tenhamos em conquistar-lhe as boas graças a fim de solici­tar-lhe certos favores?
Não eram outros os motivos que levavam nossos antepassados a sacrificar às divinda­des. Como, porém, não podiam concebê-las com os atributos da perfeição, antes as rebai­xavam ao nível deles mesmos, julgavam, erroneamente, que o holocausto a ser-lhes oferecido seria tanto mais valioso quanto mais importante fosse a vítima.
Dai porque nos ofícios sacrificatórios os produtos agrícolas foram, com o tempo, pre­teridos pelos animais, que, por sua vez, foram substituídos por seres humanos: estrangeiros ou inimigos, e, posteriormente, em lugar des­tes, os pais passaram a. sacrificar os próprios filhos!
É que — supunham —, com estas oblatas, os deuses haveriam de sentir-se muito mais honrados.
As pessoas esclarecidas compreendem agora, que, conquanto praticados com piedosa intenção, tais sacrifícios nunca foram agra­dáveis a Deus, como não podem agradar-lhe tão-pouco, as maceraçôes e as penitências que certos religiosos continuam a impor-se sem que aproveitem a ninguém
A Doutrina Espírita fazendo luz sobre este assunto, ensina-nos que o Único Sacrifício abençoado por Deus é aquele que se faça por amor e em benefício do próximo, e que “o melhor meio de honrá-lo, Consiste em minorar os sofrimentos dos pobres e dos aflitos.”

1.2 – A Lei de Trabalho
O trabalho é uma lei da natureza a que ninguém se pode esquivar, sem prejudicar-se, pois é por meio dele que o homem desenvolve sua inteligência e aperfeiçoa suas faculdades.
O trabalho honesto fortalece-lhe o senti­mento de dignidade pessoal, fá-lo respeitado pela comunidade em que vive, e, quando bem realizado, contribui para dar-lhe a sensação de segurança, três coisas fundamentais que todos buscamos.
Para que o homem tenha êxito no traba­lho, e como tal deve entender-se não necessà­riamente o ganho de muito dinheiro, mas uma constante satisfação intima, faz-se mister que cada qual se dedique a um tipo de atividade de acordo com suas aptidões e preferências, sem se deixar influenciar pela vitória de ou­trem nesta ou naquela carreira, porquanto cada arte, ofício ou profissão exige determi­nadas qualidades que nem todos possuem.
Quem não consiga uma ocupação condi­zente com o que desejaria, deve, para não ser infeliz, adaptar-se ao trabalho que lhe tenha sido dado, esforçando-se por fazê-lo cada vez melhor, mesmo que seja extremamente fácil. Isso ajudará a gostar dele. Quando se trate de algo automatizado que não permita qual­quer mudança, como acontece em muitas fá­bricas modernas, o remédio é compenetrar-se de que sua função na empresa também é im­portante, assumindo a atitude daquele modes­to operário cujo serviço era quebrar pedras e que, interrogado sobre o que fazia, respondeu com entusiasmo: "Estou ajudando a construir uma catedral".
Importa, igualmente, se adquira a convic­ção de que embora apenas alguns poucos pos­sam ser professores, médicos, engenheiros, ad­vogados ou administradores, todos, indistinta­mente, desde que desenvolvam um trabalho prestadio, estão dando o melhor de si, concor­rendo, assim, para o progresso e o bem-estar social, como lhes compete.
De outro lado, pelo fato de ser uma lei natural, o trabalho deve ser assegurado a to­dos os homens válidos que o solicitem, para que, em contrapartida, lhes seja exigido que provejam às necessidades próprias e da famí­lia, sem precisarem pedir nem aceitar esmolas.
O desemprego, e consequentemente a fome, a nudez, o desabrigo, a enfermidade, a prosti­tuição, o crime, etc, constituem provas de que a sociedade se acha mal organizada, carecendo de reformas radicais que melhor atendam à Justiça Social.
Como acertadamente disse Constâncio C. Vigil, "constitui dolorosa anomalia deixar-se o ser humano em situação de não poder defen­der-se da miséria, até delinquir ou morrer. O desempregado tem direito à vida. Por con­seguinte, o Estado só pode castigá-lo pelo rou­bo se lhe proporciona meios, para assegurar a subsistência através do trabalho."
Sujeitar, portanto, irmãos nossos à condi­ção de párias, enquanto incontáveis hectares de terra permanecem inexplorados, nas mãos do Estado ou de uns poucos ambiciosos que os foram acumulando, como se fossem títulos ne­gociáveis, é um crime de lesa-humanidade.
Os governos devem fazer que as terras devolutas ou mal aproveitadas sejam devida­mente cultivadas.
Uma distribuição pura e simples de pe­quenos lotes a homens desprovidos de conhe­cimentos e de recursos pecuniários para o seu trato não será, entretanto, suficiente para a colimação desse objetivo. :m indispensável pres­tar-se-lhes, também, assistência técnica e ajuda financeira, de modo que, conjugando-se, ca­pital e trabalho bem orientados, tornem viável a fecundação do solo e a erradicação da indi­gência que assola tão vastas áreas do mundo.
Os que supõem seja o trabalho apenas um "ganha pão", sem outra finalidade que não a de facultar os meios necessários à existên­cia, laboram em erro. Se o fosse, então todos aqueles que possuíssem tais meios, em abun­dância, poderiam julgar-se desobrigados de trabalhar.
Em verdade, porém, a lei de trabalho não isenta ninguém da obrigação de ser útil. Ao contrário. Quando Deus nos favorece, de ma­neira que possamos alimentar-nos sem verter o suor do próprio rosto, evidentemente não é para que nos entreguemos ao hedonismo, mas para que movimentemos, na prática do Bem, os "talentos" que nos haja confiado.
Isso constitui uma forma de trabalho que engrandece e enobrece nossa alma, tornando-a rica daqueles tesouros que "a ferrugem e a traça não corroem, nem os ladrões podem roubar."

Limite do Trabalho
À pergunta (nº 683) do Codificador: “qual o limite do trabalho?”, responderam os mentores espirituais incumbidos de lhe ditarem os fundamentos da nova Revelação: “o das forças”.
Isso deixa claro que, sendo, como é, fonte de equilíbrio físico e moral, o trabalho deve ser exercido por tanto tempo quanto nos man­tenhamos em boas condições físicas.
Nações existem, inclusive no Brasil, onde a pouco tempo atrás ainda se considerava uma conquista social a promul­gação de leis previdenciárias que permitem ao homem cruzar os braços com menos de cinqüenta anos de idade.
Cremos se trate de erro clamoroso, pois não há sistema econômico que resista a essa aberração de milhões e milhões de homens, cheios de vitalidade, ganharem sem produzir. Mais cedo ou mais tarde, todos haveremos de pagar por isso, se é que já não o estamos.
Seria mais justo, quer-nos parecer, que os beneficiários dessa legislação se mantives­sem um pouco mais na ativa, para que boa parte do numerário atualmente despendido no pagamento de aposentadorias pudesse ser apli­cado em favor da coletividade, através da so­cialização dos serviços médicos, odontológicos e correlatos, como acontece, por exemplo, na Ingla­terra, pois cá entre nós está-se tornando cada vez mais difícil, mesmo às classes médias, su­portarem os gastos pertinentes a tais serviços.
Que dizer-se, então, das camadas inferio­res, que constituem a maioria de nossa po­pulação?
Não é só por esse lado, entretanto, que o afastamento do trabalho de homens presta­tivos se patenteia danoso.
A natureza exige o emprego de nossas energias e aqueles que se aposentam, sentin­do-se ainda em pleno gozo de suas forças fí­sicas e mentais, depressa caem no fastio, tor­nando-se desassossegados, irritadiços ou hipo­condríacos.
Alguns tentam eliminar o vazio de suas horas em viagens; outros, em diversões; quase todos, porém, se cansam de uma coisa e outra, entregando-se, por fim, ao alcoolismo, à joga­tina e a outros vícios que lhes arruínam, de vez, tanto a saúde como a paz íntima.
Abalizados psiquiatras e psicanalistas afir­mam, com exato conhecimento de causa, que “todos os seres humanos precisam encontrar alguma coisa que possam fazer”, pois “ninguém consegue ser feliz sem que se sinta útil ou necessário a alguém.”
Frank C. Cáprio (Ajuda-te pela Psiquia­tria) chega a. dizer: “Tal como o amor, o tra­balho é medicinal. Alivia os males da alma.”
Isto posto, se formos homens de negócios, ao invés de os interrompermos bruscamente, convém que, ao atingirmos certa idade, dimi­nuamos o ritmo de nossas ocupações ou o peso de nossas responsabilidades, repartindo-as gradativamente com nossos auxiliares ou com aqueles que devam suceder-nos, adquirindo, ao mesmo tempo, algum outro interesse que man­tenha ocupado o nosso intelecto.
Se assalariados, que encontremos, ao apo­sentar-nos, uma ocupação leve, porém provei­tosa, com que preencher saudàvelmente nossa vida.
Jamais, em hipótese alguma, condenar-nos à completa ociosidade, a pior coisa que pode acontecer a alguém.
Benjamim Franklin tinha 81 anos quando foi chamado a colaborar na elaboração da Carta Magna dos Estados Unidos.
Goethe acabou de escrever “Fausto”, a mais famosa de suas produções literárias, nes­sa mesma idade.
Edison, tendo começado a trabalhar quan­do era ainda uma criança, manteve-se operoso durante cerca de 75 anos, sem nunca ter es tado doente. Morreu aos 84, deixando paten­teadas mais de um milhar de invenções.
Michelângelo, o fabuloso artista italiano, aos 89 anos ainda continuava produzindo obras de arte.
O marechal Rondon, notabilíssimo serta­nista brasileiro e um dos grandes benfeitores da Humanidade falecido em 1958, aos 92 anos de idade, trabalhou intensamente até à decre­pitude, malgrado a rudeza do meio em que passou a quase totalidade de sua fecunda exis­tência.
Rockefeller ao completar 90 anos, decla­rou: “Sou o homem mais feliz do mundo. Parece-me começar a viver agora. Sou feliz porque posso trabalhar. Os dias não são sufi­cientemente longos para que eu possa fazer tudo que desejo. Indubitàvelmente o trabalho é o segredo da felicidade.”

O Repouso
Nas respostas que deram às questões de ns. 682 e 684, formuladas por Kardec, nossos amigos espirituais nos esclarecem que “o re­pouso é uma lei da natureza, sendo uma ne­cessidade para todo aquele que trabalha”, e mais: que “oprimir alguém com trabalho ex­cessivo é uma das piores ações”, constituindo-se, mesmo, grave transgressão do Código Divino.
Com efeito, o 4º mandamento preceitua:
“Lembra-te do dia de sábado, para o san­tificares. Seis dias trabalharás e farás todas as tuas obras, mas o sétimo dia é o sábado, isto é, o dia de descanso do Senhor teu Deus. Nesse dia não farás obra alguma, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem teu escravo, nem tua escrava, nem teu animal, nem o peregrino que vive de tuas portas para dentro.”
Julgamos interessante elucidar, nesta opor­tunidade, que a substituição do repouso no sábado, como era observado entre os judeus, pelo domingo, como atualmente é de uso entre nós, carece de importância. Isso começou com os primeiros cristãos. Eles continuavam a frequentar as sinagogas aos sábados, mas, a par disso, tomaram o hábito de reunir-se tam­bém no primeiro dia da semana judaica (do­mingo), a fim de celebrarem a ressurreição de Jesus. Com o decorrer do tempo, foram deixando de comparecer às sinagogas e, con­sequentemente, apenas o domingo passou a ser observado por eles.
Os que advogam a observância do sába­do, talvez se apóiem nas razões anexas do re­ferido mandamento, conforme o Êxodo: “Por­que o Senhor fêz em seis dias o céu, a terra, o mar, e tudo o que neles há, e descansou no sétimo dia: por isso o Senhor abençoou o dia sétimo, e o santificou.”
Sabe-se, agora, entretanto, que os seis “dias” da criação não foram dias de 24 horas, como alguns ainda. supõem, mas sim longos períodos milenares.
Além disso, em Deuteronômio, as refle­xões aduzidas para recomendar esse manda­mento são outras, bem diferentes: “Para que descanse o teu escravo, e a tua escrava, como tu também descansas. Lembra-te de que tam­bém serviste no Egito, e que de lá te tirou o Senhor teu Deus.”
Como se vê, aqui não se alude ao sábado como sendo o dia em que o Criador teria descansado de Sua obra; apela-se, simplesmente, para os sentimentos de caridade dos judeus, para que, nesse dia, concedam o merecido des­canso igualmente ao elemento servil, inclusive aos animais, porqüanto todos precisão de re­pouso para o refazimento de suas energias.
O Decálogo, ninguém o ignora, baseia-se na lei natural, e a folga semanal não é mais que uma questão de higiene.
Assim sendo, quer guardemos o sábado (sábado significa descanso), ou o domingo, o que importa é que o façamos segundo o espírito da Lei, e esta o que recomenda é que após seis dias de trabalho, dedicados ao provi­mento do indispensável ao nosso bem-estar corporal, reservemos pelo menos um dia para o repouso, consagrando-o ao cultivo dos valo­res espirituais.
Isto, aliás, era o máximo que, naquela época, podia obter-se de homens embrutecidos e materializados cujos ideais se concentravam unicamente na conquista de bens terrenos e que, para consegui-los, não hesitavam em so­brecarregar familiares, servos e animais, obri­gando-os a penosas jornadas de trabalho, de sol a sol, nos 365 dias do ano.
Por incrível que pareça, muitos homens, em pleno século 20, dominados pela ambição, continuam a impor-se tal regime (estenden­do-o a outrem, sempre que lhes permitam dar largas ao seu poder de mando), e ainda se jactam disso, como se fôssem heróis dignos dos maiores aplausos, quando, ao revés, só merecem lástima.
Sim, porque hoje que a vida urbana se caracteriza por uma agitação contínua, exi­gindo-nos um gasto excessivo de energias fí­sicas e mentais, a necessidade que todos te­mos de repousar periodicamente tornou-se. maior, e, daí, o estar-se generalizando a cha­mada “semana inglesa”, com cinco dias de trabalho e dois de descanso além das férias anuais, que lia alguns decênios já se Constitui um direito universal.
Trabalhemos, pois, “até o limite de nos­sas forças”, já que o trabalho é uma bênção; cuidemos porém, de evitar a exaustão e a estafa, antes que esses males nos conduzam à neurastenia ou ao esgotamento nervoso.

TRABALHO
"E Jesus lhes respondeu: Meu Pai obra até agora, e eu trabalho também." (João, 5:17.)
Em todos os recantos, observamos criaturas queixosas e insatisfeitas.
Quase todas pedem socorro. Raras amam o es­forço que Ihes foi conferido. A maioria revolta-se contra o gênero de seu trabalho.
Os que varrem as ruas querem ser comerciantes; os trabalhadores do campo prefeririam a existência na cidade.
O problema, contudo, não é de gênero de tarefa,
mas o de compreensão da oportunidade recebida.
De modo geral, as queixas, nesse sentido, são filhas da preguiça inconsciente. É o desejo ingênito de conservar o que é inútil e ruinoso, das quedas no pretérito obscuro.
Mas Jesus veio arrancar-nos da "morte no erro". Trouxe-nos a bênção do trabalho, que é o movimento incessante da vida.
Para que saibamos honrar nosso esforço, refe­riu-se ao Pai que não cessa de servir em sua obra eterna de amor e sabedoria e à sua tarefa própria, cheia de imperecível dedicação à Humanidade.
Quando te sentires cansado, lembra-te de que Jesus está trabalhando. Começamos ontem nosso hu­milde labor e o Mestre se esforça por nós, desde quando? (Caminho, Verdade e Vida – Emmanuel)

1.3 – Lei de Reprodução
Q.686: É lei da Natureza a repro­dução dos seres vivos?
“Evidentemente. Sem a reprodução, o mundo corporal pereceria.”

Q.694: Que se deve pensar dos usos, cujo eleito consiste em obstar à reprodu­ção, para satisfação da sensualidade?
“Isso prova a predominância do corpo sobre a alma e quanto o homem é material.”
(Allan Kardec - O Livro dos Espíritos)

A ordenação bíblica — “crescei e multi­plicai-vos” — não tem sido, até hoje, bem compreendida por todos.
Os que se atêm à letra das Escrituras, sem penetrar-lhe o espírito, vêem nessas pa­lavras uma lei divina, estabelecendo que a. re­produção das espécies, inclusive a humana, deva ser livre e ilimitada, e que obstá-la seria grave pecado.
Sem dúvida, a reprodução dos seres vivos é lei da natureza e preenche uma necessidade no mecanismo da Evolução; isso não quer di­zer, entretanto, seja proibido ao homem ado­tar certas medidas para a regular. Tudo de­pende da finalidade que se tenha em vista.
Dado, p. ex., que o desenvolvimento ex­cessivo de determinadas plantas ou animais se revele nocivo e perigoso, pode-se perfeitamente impedir-lhes a reprodução, pois “a ação inte­ligente do homem é um contrapeso que Deus dispôs para restabelecer o equilíbrio entre as forças da natureza”, tal o ensino que nos chega através de Kardec.
No que tange ao controle da natalidade humana, objeto, hoje, de complexas pesquisas nos campos da Biologia, da Genética, da Farmacologia, da Sociologia, etc, e de acalo­rados debates entre teólogos e moralistas de várias tendências, a Doutrina Espírita nos au­toriza a afirmar que, em havendo razões, real­mente justas para isso, pode o homem limitar sua prole, evitando a concepção.
A questão nº 694 do Livro dos Espíritos, tira todas as dúvidas sobre o assunto, pois condena tachativamente apenas “os usos, cujo efeito consiste em obstar a. re­produção, para satisfação da sensualidade”, deixando claro que pode haver, como de fato há, inúmeros casos em que se faz necessário não só restringir, mas até mesmo evitar qual­quer quantidade de filhos.
E preciso se reconheça que o lar não é um estabelecimento destinado a reproduzir seres humanos em série, mas sim um santuá­rio-escola, onde os pais devem pontificar como plasmadores de nobres caracteres, incutindo nos filhos, a par do amor a Deus, uma vi­vência sadia, pautada nos princípios da Moral e da Justiça, de modo que se tornem elementos úteis a si mesmos, à família e à sociedade.
“O homem se distingue dos animais —disseram ainda os mentores da Codificação — por obrar com conhecimento de causa.” Portanto, o que dele se espera não é apenas que procrie por força do instinto sexual, qual mero reprodutor, mas que, convém repetí-lo, digni­fique o nome de pai ou de mãe com que Deus lhe honra a existência.
Há quem não admita nenhum motivo para a limitação dos filhos, ou seja, o plane­jamento da família, na suposição de que tal medida se constitua um entrave à lei de pro­gresso, por reduzir as oportunidades de que os desencarnados necessitam para expiar deli­tos do passado.
Acontece, porém, que, via de regra, esses tais não agem de conformidade com o ponto de vista que defendem, já que eles próprios, “contrariando a lei da natureza”, ao terem um, dois ou três filhinhos, dão-se por satisfeitos e... ficam por aí.
Se raciocinassem um pouquinho, have­riam de compreender outrossim que, se exis­tem tantos seres precisando retornar à Terra, para provações reparadoras, visto se acharem endívidados perante a Justiça Divina, é preci­samente porque faltou a muitos, nas encarna­ções anteriores, a orientação espiritual que só um lar bem constituído pode oferecer, e que lançar ao mundo proles enfermiças e deficien­tes, ou físicamente bem dotadas, mas votadas ao abandono, absolutamente não ajuda o adiantamento da. Terra, antes o retarda, pois contribui para aumentar o número dos desa­justados, dos marginais e dos criminosos de toda sorte, infelizes que, por sua vez, exigi­riam outras tantas oportunidades de reajuste e assim sucessivamente, numa progressão geo­métrica que não acabaria mais.
“Mais vale prevenir que remediar”, reza um refrão da sabedoria popular, e daí porque a medicina terrena tende a ser, cada vez mais, preventiva ao invés de curativa.
Porque não haveria de ser assim, tam­bém, no universo moral?
O preceito com que abrimos este estudo não determina o fator da multiplicação dos casais, fator esse que pode e deve variar de acordo com a robustez dos genitores (princi­palmente da mãe, que é a mais sacrificada), seus- recursos econômicos, etc.
Assim, aos olhos de Deus, que julga se­gundo as intenções de cada um, é preferível ter poucos filhos e fazer deles homens de bem, a tê-los numerosos, mas abandoná-los àprópria sorte, como acontece amiúde.
Quanto aos casais que evitam ou limitam os filhos, atendendo tão só ao comodismo, obviamente se tornam tanto mais repreensíveis quanto maiores sejam as suas possibilidades de concebê-los, criá-los e edu­cá-los.
Celibato, Poligamia e Casamento Monogâmico
Qual desses três estados o mais conforme à lei de Deus?
À luz do Espiritismo, se adotado para es­capar às canseiras e responsabilidades da fa­mília, o celibato a contraria frontalmente, pois revela forte egoísmo.
Quanto ao celibato de religiosos (prati­cado, aliás, desde a mais remota antiguidade, entre persas e babilônicos, monges budistas e iniciados essênios, etc.), conservado em nossos dias como uma disciplina no seio da Igreja Católica Romana, tanto em suas ordens mas­culinas como femininas, não há como deixar de reconhecer que foi, é e será, sempre, alta­mente meritório, desde que, renunciando às sa­tisfações e ao aconchego doméstico, o (a) ce­libatário (a) alimente o sincero propósito de melhor servir à coletividade.
Com efeito, os sacrifícios daqueles sacer­dotes e freiras que, observando a castidade, se mostram capazes de total devotamento ao pró­ximo, seja. na assistência espiritual, nas tarefas educacionais, nos serviços hospitares, em asilos, creches, orfanatos e em misteres outros, em que dão o máximo de si sem pensar em si, constituem exemplos grandiloqüentes de amor sublimado, que os eleva muito acima da cravei­ra comum dos terrícolas.
Contudo, nem assim pode o celibato ser considerado o estado ideal, dadas as condições e as finalidades da vida neste mundo.
A poligamia, por sua vez, é um costume que, introduzido em certa época, por motivos econômicos (o aumento de braços para o tra­balho grátis nos clãs), já não se justifica.
É verdade que ainda se mantém nas po­pulações muçulmanas do Norte da África e em grande parte da Ásia, pela predominância do apetite carnal sobre o senso moral de ho­mens ricos, que se dão ao luxo de sustentar várias esposas e numerosa prole, mas tende a desaparecer, pouco a pouco, com o aperfei­çoamento das instituições.
Tanto não corresponde aos desígnios da Providência que jamais foi possível generali­zar-se, face à relativa igualdade numérica dos sexos.
A ordem natural e inerente à espécie hu­mana é, incontestàvelmente, a monogamia, vis­to que, tendo por base a união constante dos cônjuges, permite se estabeleça entre ambos uma estreita solidariedade, não só nas horas de regozijo como nos momentos difíceis e do­lorosos.
É ainda por esse modo que os pais podem dar aos filhos tudo o de que eles necessitam para um desenvolvimento normal, sem proble­mas de personalidade.
As demais formas de associação dos seres, conquanto possam ter sido autorizadas ou con­sentidas durante algum tempo, em determina­das circunstâncias da evolução social, de há muito que se tornaram condenáveis pelos códi­gos de Direito dos povos de cultura mais avan­çada, notadamente no mundo ocidental.
Forçoso concluir, então, ser o casamento monogâmico o instituto que melhor satisfaz aos planos de Deus, no sentido de preparar a fa­mília para uma convivência de paz, alegria e fraternidade, estado esse que há-de estender-se, no futuro, à Humanidade inteira.

Perante a Vida
Investimento sublime a vida!
Em todas as suas manifestações expressa a su­prema misericórdia de Deus, num conjunto de harmo­nias e bênçãos.
O homem, porém, nem sempre sabe valorizar-lhe a oportunidade.
Egresso das faixas primitivas do instinto por on­de transitou, guarda as altas cargas das sensações em que se demora, em detrimento dos sutis apelos da emoção cru que se engrandece, na ascese para a liber­tação que o aguarda.
Detivesse-se mais no acurar das observacões e descobriria a glória do bem manifesta em todo lugar.
Por descuido ou inépcia vincula-se aos compro­missos vis em que se emaranha e, ao ser surpreendido pela realidade da evolução de que ninguém se evade, reage e desagrega-se, mergulhando nos lôbregos esta­dos de dor selvagem e inútil.
A vida já dorminte no mineral, sonhando no ve­getal, pensa no homem, a caminho da perfeita integra­ção na Consciência Cósmica, quando se torna anjo.
Multiplica a alegria de viver, esparzindo tuas con­cessões de ventura onde te encontres.
Inobstante te descubras em dor ou em agonia, compreende que o sofrimento é processo de libertação realizando o mister onde o amor ainda não firmou alicerces.
Sofrimento não é desdita. Esta somente surge quando o homem se torna causa e razão de infortúnio para o seu próximo.
Assim, sempre podes exalçar a vida.
Estiolando-se a flor o pólen fecunda e a planta nele sobrevive.
O despedaçar de muitos anelos engendra o surgi­mento de formosas realizações. .
A renúncia pessoal fomenta a abnegação que le­vanta as realizações da ventura.
Usa a tua vida na preservação de outras muitas vidas.
Mesmo que estejas açodado pelo desespero, evita o fosso da revolta ou o paul do desânimo.
A tua vida inspira outras vidas.
Sê abnegado!
O que faças e como faças constituirá emulação para as criaturas que seguem ao teu lado.
Sem que o percebas és inspirado por alguém, mo­tivado por outrem, a teu turno modelo para outros que te seguem em pós.
Perante a vida és co-criador junto a Nosso Pai.
Vive, pois, de tal forma que, encerrando o capí­tulo da tua experiência no corpo físico, prossigas logo mais, noutra expressão na vida estuante.


1.4 – Lei de Conservação
Q.711: O uso dos bens da Terra é um direito de todos os homens?
“Esse direito é conseqüente da ne­cessidade de viver. Deus não imporia um dever sem dar ao homem o meio de cumpri-lo.”

Q.715: Como pode o homem conhe­cer o limite do necessário?
Aquele que é ponderado o conhe­ce por intuição. Muitos só chegam a co­nhecê-lo por experiência e à sua própria custa.” (O Livro dos Espíritos – Allan Kardec)

O instinto de conservação, por ser uma das manifestações da lei natural, é inerente a to­dos os seres vivos.
Maquinal entre os espécimes situados nos primeiros degraus da escala evolutiva, vai-se desenvolvendo à medida que os seres animam organismos mais complexos e melhor dotados, tornando-se, no reino hominaL, inteligente e raciocinado.
Sendo a vida orgânica absolutamente ne­cessária ao aperfeiçoamento dos seres, Deus sempre lhes facultou os meios de conservá-la, fazendo que a terra produzisse quanto fôsse suficiente à mantença de todos os que a ha­bitam.
Sabendo, entretanto, que, se as criaturas tivessem que usar os frutos da terra apenas em função de sua utilidade, a. lei de conserva­ção não seria cumprida, houve Deus por bem imprimir a esse ato o atrativo do prazer, dan­do a cada coisa um sabor especial que lhes estimulasse o apetite.
A par disso, pela própria constituição somática com que modelou os seres, restringiu­-lhes o gozo da alimentação ao limite do ne­cessário, limite esse que, se observado, lhes asseguraria uma saúde perfeitamente equili­brada.
O homem, porém, no exercício de seu li­vre arbítrio, frequentemente se desmanda, co­metendo toda sorte de excessos e extravagân­cias, resultando daí muitas das doenças que o excruciam e o conduzem à morte, prematura­mente.
Mas como nada se perde na economia da evolução, os sofrimentos decorrentes dos des­regramentos que comete dão-lhe experiência, fortalecem-lhe a razão, habilitando-o, final­mente, a distinguir o uso do abuso.
Poder-se-á dizer que, em certas regiões do globo, o solo, menos fértil, não produz o bas­tante para a nutrição de seus habitantes e que o grande número de pessoas que nelas sucum­bem vitimadas pela fome parece desmentir haja uma Providência Divina a provê-los dos recursos com que cumprirem a lei de conser­vação da vida.
Tais calamidades ocorrem, de fato, mas não por culpa de Deus, a quem não se pode imputar as falhas de nossa sociedade, na qual uns se regalam com o supérfluo, enquanto ou­tros carecem do mínimo necessário.
Fôssem os homens menos egoístas, não tivessem apenas a máscara de religiosos, e, nes­sas contingências, prestar-se-iam mútuo apoio, já que a terra e eles mesmos pertencem a uma só familia: a Humanidade.
Além disso, cumpre aos homens aplica­rem-se no estudo dos problemas que os afli­gem a fim de dar-lhes a devida solução, seja aperfeiçoando cada vez mais as técnicas de cul­tivo da gleba, de modo a conseguirem aumento de produção, seja entregando-se a pesquisas, no sentido de descobrirem outras fontes de ali­mentos, esforços esses que lhes engrandecerão a inteligência, assinalando novas etapas no progresso da civilização.
Aceita a. premissa de que a conservaçao da vida é um dever imposto ao homem pela lei natural, poder-se-ia. concluir que, em cir­cunstância extremamente crítica, lhe seja lí­cito, para matar a fome, sacrificar um seme­lhante? Não! Isso fôra homicídio e crime de lesa-natureza. Em tal caso, antes morrer que ma­tar, pois grande será o nosso merecimento se formos capazes de tão sublime renúncia por amor ao próximo.
E as privações voluntárias, observadas por alguns seguidores de várias religiões, seriam meritórias aos olhos de Deus? Contribuiriam, efetivamente, para a elevação da alma? Segundo a Doutrina Espírita, todos os usos que prejudiquem a saúde, longe de apres­sarem o desenvolvimento espiritual, retardam-no, pois solapam as forças vitais de seus pra­ticantes, diminuindo-lhes a disposição para o trabalho, que sempre foi e continuará, sendo o único caminho do progresso.
Objetivando elucidar, o melhor possível, este assunto, perguntou Kardec a seus mento­res: “Uma vez que não devemos criar sofri­mentos voluntários, que nenhuma utilidade tenham para outrem, deveremos cuidar de preservar-nos dos que prevejamos ou nos ameacem ?“
A resposta que obteve, clara e precisa, aqui vai, como fecho de ouro a estas linhas:
“Contra os perigos e os sofrimentos é que o instinto de conservação foi dado a todos os seres. Fustigai o vosso espírito e não o vosso corpo, mortificai o vosso orgulho, sufocai o vosso egoísmo, que se assemelha a uma ser­pente a vos roer o coração, e fareis muito mais pelo vosso adiantamento do que infligindo-vos rigores que já não são deste século”.


Desperdícios
Há muito desperdício no mundo, fomentando lar­ga faixa de miséria entre os homens.
O que abunda em tua mesa falta em muitos lares.
O excesso nas tuas mãos é escassez em inúmeras famílias.
O que te sobra e atiras fora, produz ausência em outros lugares.
O desperdício é fator expressivo de ruína na co­munidade.
O homem, desejando fugir das realidades trans­cendentes da vida, afoga-se na fantasia, engendrando as “indústrias da inutilidade”, abarrotando-se com os acúmulos, padecendo sob o peso constritor da irrespon­sabilidade, em que sucumbe por fim.
A vida é simples nas suas exigências quase ascetas.
Muitos cristãos distraídos, porém, ataviam-se, complicam os deveres, sobrecarregam-se do dispensá­vel, desperdiçam valores, tempo e oportunidade edificante para o próprio burilamento.
Desperdiçam palavras, amontoando-as em verbalismo inútil a fim de esconderem as verdades;
Desperdiçam tempo em repousos e férias demora dos, que anestesiam os centros combativos de ação da e alma encarnada;
Desperdiçam alimentos em banquetes, recepções, festas extravagantes com que disputam vaidades;
Desperdiçam medicamentos em prateleiras em­poeiradas, aguardando, no lar, doenças que não chegarão, ou, em se apresentando, encontram-nos ultrapas­sados;
Desperdiçam trajes e agasalhos em armários fechados, que não voltarão a usar;
Desperdiçam moedas irrecuperáveis em jogos e abusos de todo gênero, sem qualquer recato ou zelo;
Desperdiçam a saúde nas volúpias do desejo e nas inquietações da posse com sofreguidão;
Desperdiçam a inteligência, a beleza, a cultura, a arte nos espetáculos do absurdo e da incoerência, a fim de fazerem a viagem da recuperação do que estra­garam, em alucinada correria para lugar nenhum...
Não se recupera a malbaratada oportunidade.
Ninguém volta ao passado, na busca de refazê-lo, encaminhá-lo noutro rumo.
O desperdício alucina o extravagante e exaure o necessitado que se lhe faz vítima.
Há, sim, muito e incompreensível desperdício na Terra.
Reparte a tua fartura com a escassez do teu pró­ximo.
Divide os teus recursos, tuas conquistas e vê-los-á: multiplicados em mil mãos que se erguerão louvando e abençoando as tuas generosas mãos.
Passarás pelo mundo queiras ou não. Os teus fei­tos ficarão aguardando o teu retorno.
Como semeares, assim recolherás.
O que desperdiçares hoje, faltar-te-á amanhã, não o duvides.
Seja pródigo sem ser perdulário, generoso sem ser desperdiçador e o que conseguires será crédito ou dé­bito na contabilidade da tua vida perene.

1.5 – Lei de destruição
Q.728: É lei da Natureza a destruição?
“Preciso é que tudo se destrua para renascer e se regenerar. Porque, o que chamais destruição não passa de uma transformação, que tem por fim a renovação e melhoria dos seres vivos.”

Q.729. Se a regeneração dos seres faz necessária a destruição, por que os cerca a Natureza de meios de preservação e conservação?
“A fim de que a destruição não se dê antes de tempo. Toda destruição antecipada obsta ao desenvolvimento do princípio inteligente. Por isso foi que Deus fez que cada ser experimentasse a necessidade de viver e de se reproduzir.”

Q. 752: Poder-se-á ligar o sentimento de crueldade ao instinto de destruição?
“É o instinto de destruição no que tem de pior, porqüanto, se, algumas vezes, a destruição constitui uma necessidade, com a crueldade jamais se dá o mesmo. Ela resulta sempre de uma natureza má.” (O Livro dos Espíritos – Allan Kardec)

Embora nos custe compreendê-lo, a des­truição também se constitui lei da natureza, cumprindo um sábio desígnio providencial.
Já foi dito que a vida orgânica é indis­pensável à evolução dos seres, e daí haver Deus estabelecido as leis de reprodução e de conservação com o fim de, por meio delas, assegurar o desenvolvimento do princípio in­teligente que neles se elabora.
Pois bem, a lei de destruição é, por assim dizer, o complemento do processo evolutivo, visto ser preciso morrer para renascer e pas­sar por milhares de metamorfoses, animando formas corporais gradativamente mais aper­feiçoadas, e é desse modo que, paralelamente, os seres vão passando por estados de consciên­cia cada vez mais lúcidos, até atingir, na es­pécie humana, o reinado da Razão.
Destarte, em última análise, “a destrui­ção não é mais que uma transformação que tem por finalidade a renovação e a melhoria dos seres vivos.”
A parte essencial dos seres — lembram os luminares da espiritualidade — não é o en­voltório físico, mas o elemento anímico que o impulsiona, elemento esse que, sendo tam­bém imortal nos animais, retorna ao palco da vida terrena para a continuação de sua jor­nada progressiva, como ocorre com todas as criaturas de Deus.
Sob outro prisma, ao se destruírem uns aos outros, pela necessidade de se alimenta­rem, os seres infra-humanos mantêm o equi­líbrio na reprodução, impedindo-a de tornar-se excessiva, contribuindo, ainda, com seus despojos, para uma infinidade de aplicações úteis à Humanidade.
Restringindo o exame desta questão ape­nas ao procedimento do homem, que é o que mais nos interessa, aprendemos com a Dou­trina Espírita que a matança de animais, bár­bara sem dúvida, foi, é e será por mais algum tempo necessária aqui na Terra, devido às suas grosseiras condições de existência. À me­dida, porém, que os terrícolas se depurem, so­brepondo o espírito à matéria, o uso de ali­mentação carnívora será cada vez menor, até desaparecer definitivamente, qual se verifica nos mundos mais adiantados que o nosso.
Aprendemos, mais, que em seu estado atual o homem só é escusado dessa destruição na medida em que tenha de prover ao seu sustento e garantir a sua segurança. Fora disso, quando, p. ex., se empenha em caçadas pelo simples prazer de destruir, ou em espor­tes mortíferos, como as touradas, o “tiro aos pombos”, etc. terá que prestar contas a Deus por esse abuso, que revela, aliás, predominân­cia dos maus instintos.
No que tange aos flagelos naturais, como as inundações, as intempéries fatais à produ­ção agrícola, os terremotos, os vendavais, etc. que soem causar tantas vítimas, instruem-nos, ainda, os mentores espirituais, são acidentes passageiros no destino da Terra (mundo ex­piatório), que haverão de cessar no futuro, quando a Humanidade que a habite haja apren­dido a viver segundo os mandamentos de Deus, pautados no Amor, dispensando, então, os cor­retivos da Dor.
Uma vez que a destruição se nos apre­senta como uma lei natural, a pena de morte aplicada alhures, com o objetivo de eliminar os elementos tidos como perigosos, será tam­bém uma necessidade?
Não! “O homem julga necessária uma coisa, sempre que não descobre outra mais conveniente. À proporção que se instrui, vai compreendendo melhormente o que é justo e o que é injusto e repudia os excessos come­tidos nos tempos de ignorância, em nome da justiça”, dizem-nos as vozes do Mundo Maior.
Com efeito, há muitos outros meios com provadamente mais eficazes de preservar a sociedade, do que o assassínio daqueles que a prejudicam, mesmo porque todo delinqüente é um enfermo da alma, e aos enfermos deve-se acudir com a medicina e não com a morte.
A propósito, cumpre se diga que, graças ao progresso social, diminuiu consideràvelmen­te o número de povos e dos casos em que tal pena continua em vigor, e dia virá em que será completamente abolida.

O Assassínio
Em pleno século 20, homens existem que ainda defendem com ardor a pena capital para certos criminosos e, em vários casos, o direito de matar.
Via de regra, argumentam que o sexto mandamento não pode ser interpretado em sentido absoluto, já que o próprio Deus teria estatuído uma série de circunstâncias e de motivos em que o assassínio seria não apenas lícito, mas até aconselhável ou necessário.
Surgem, então, citações do Velho Testamento quais as seguintes: “Se algum boi investir contra (escornear) homem ou mu­lher, que morra, será apedrejado, e não se comerão as suas carnes; o dono do boi, con­tudo, será inocente. Mas se o boi já era es­corneador e o seu dono foi conhecedor disso e não o encurralou, matando homem ou mu­lher, o boi será apedrejado e também o seu dono morrerá.”
“A feiticeira não deixarás viver.”
“Todo aquele que se deitar com animal, morrerá.”
“O que sacrificar aos deuses, e não só ao Senhor, será morto.” (Êxodo)
“Se um homem tiver um filho contumaz e insolente, que não está pelo que seu pai e sua mãe lhe ordenam, e, castigado, recusar com desprezo obedecer-lhes, pegarão nele e o levarão aos anciães daquela cidade e, à porta onde se fazem os juízos, lhes dirão: Este nosso filho é rebelde e contumaz, despreza as nossas admoestações, passa a vida em come­zainas, dissoluções e banquetes. O povo da cidade o apedrejará e ele morrerá, para que assim tireis o mal do meio de vós. (Deut.)
Ainda segundo o Velho Testamento, Moisés teria re­cebido, diretamente de Deus, ordens tachati­vas e peremptórias para eliminar os transgres­sores da fé judaica e os adversários do povo judeu, como se vê nos seguintes excertos:
“Estando os filhos de Israel no deserto, acharam um homem apanhando lenha no dia de sábado, o qual foi metido em prisão, por­que ainda não se sabia o que deviam fazer com ele. Disse então o Senhor a Moisés: Este homem morra de morte, todo o povo o ape­dreje fora do arraial. Toda a congregaçao o lapidou, e o tal homem morreu, como o Senhor ordenara a Moisés.” (Números, capítulo 15 versículos 32 a 36.)
“Das cidades destas nações que o Senhor teu Deus te dá em herança, nenhuma coisa que tem fôlego deixarás com vida, antes des­truí-las-ás, para que não vos ensinem as abo­minações que fizeram a seus deuses e pequeis contra o Senhor vosso Deus.” (Deut.)
Não é de se admirar, portanto, que, se­guindo à risca tais prescrições, os reis de Israel tenham praticado os crimes mais horripilantes.
Uma pequena amostra: “Ajuntou David todo o povo e marchou contra Rabbath: e depois de combatida, a to­mou... E trazendo os seus moradores, os mandou serrar, e que passassem por cima deles carroças ferradas, e que os fizessem em pedaços com cutelos, e os botassem em fornos de cozer tijolo. Assim o fêz com todas as cida­des dos amonitas, etc.” (II Reis, 12: 29-31.)
Se tais sentenças procedessem realmente de Deus — agora somos nós que o dizemos não haveria porque hesitarmos na prática de qualquer assassínio, visto que o (mau) exem­plo viria de cima.
Já é tempo, entretanto, de sabermos que tudo o que se contém na. Bíblia, em contraposi­ção ao Decálogo, não é e nem poderia ser de origem divina, mas tão sômente preceitos hu­manos, quase sempre outorgados por Moisés para o povo judeu e para aquela época de ignorância e barbarismo.
Tanto assim que o Cristo, várias vezes, após fazer referência a eles, acrescentava: “eu, porém, vos digo”, e se punha a ensinar coisas diametralmente opostas.
Efetivamente, Aquele que ditou o NÃO MATARÁS e “em quem não há mudança nem sombra de variação”, segundo o apóstolo Tia­go, não poderia contradizer-se, ordenando alhu­res: “mata, destrói, extermina!”
Não se encontra, em todo o Evangelho, uma só passagem que autorize o uso da vio­lência, nem mesmo uma palavra ofensiva, quanto mais o assassínio!
E a Doutrina Espírita, em tudo conforme com a moral cristã, proclama que, mesmo quando agredido e em situação extremamente difícil, cabe ao homem apenas o direito de defender-se, de modo que possa preservar sua vida, nunca o de atentar contra a de seu agres­sor, pois, qualquer que seja a hipótese, é pre­ferível morrer a ter que matar.

A Pena de Talião
Pode parecer à primeira vista que justiça e misericórdia sejam virtudes antagônicas, que se excluam reciprocamente.
Daí a razão de muitos não compreende­rem como possa Deus exercitá-las, sem que uma precise ser anulada para que a outra prevaleça.
Tudo, entretanto, se torna claro quando nos lembramos de que as boas qualidades morais são filhas do Amor e que este sentimento sublime sempre encontra meios de harmonizá-las.
Senão, vejamos.
A Justiça exige que toda infração à Lei seja punida e desde a origem dos tempos isso tem acontecido, infalivelmente.
Aliás, todos os grandes missionários reli­giosos que têm vindo à Terra, inspirados que foram pelo Alto, estabeleceram em seus códi­gos a pena de talião, ou seja, castigo igual à culpa.
O “olho por olho e dente por dente”, de Moisés, p. ex., e o “quem com espada fere, com espada será ferido”, do Cristo, são pre­ceitos que consagram esse princípio funda­mental da Justiça.
Moisés, todavia, dava ao ofendido o di­reito de tirar desforra, pessoalmente e na pro­porção da ofensa recebida, enquanto o Cristo, surgindo entre nós quando era chegado o mo­mento de os terrícolas darem início a uma fase mais avançada de sua evolução espiritual, trouxe como missão ensiná-los a quebrar as cadeias do mal a que se jungiam pela lei de ação e reação.
Introduziu nas relações humanas, então, uma nova ética: “amai vossos inimigos, fazei bem aos que vos têm ódio e orai pelos que vos perseguem e caluniam”, exemplificando-a, ele mesmo, até às últimas consequências.
Não deixou, porém, de adverti-los, mui explicitamente: “Se perdoardes aos outros as faltas que cometerem contra vós, também vos­so Pai celestial vos perdoará os pecados, mas, se não lhes perdoardes quando vos tenham ofendido, tão-pouco vosso Pai celestial vos perdoará os pecados.”
Analisando, a fundo, estas novas regras de conduta, percebe-se conterem elas a mesma justiça da pena de talião, com a diferença de que, ao invés de “castigo igual à culpa”, ace­nam com “premio igual ao merecimento”.
Reparemos bem:
Aquele que revida ao seu ofensor com igual ofensa, está exercendo a justiça, cobran­do o que lhe devem, mas, por sua vez, terá de pagar na. mesma moeda toda injúria que fizer a outrem.
Já aquele que perdoa as ofensas recebi­das, fica com um crédito do mesmo valor na contabilidade celeste, crédito esse que será le­vado em conta quando lhe aconteça cometer alguma falta. E quem não está sujeito a errar?
Por haver entendido perfeitamente esse mecanismo da Justiça Divina é que o colégio apostólico proclamava, amiúde: “suportai-vos uns aos outros”, “tende entre vós mútua cari­dade”, “o amor cobre uma multidão de pecados”, etc.
Talvez nos perguntem: no segundo caso, sendo o ofensor perdoado pelo ofendido, ficará sem a punição devida?
Absolutamente! A Providência cuidará disso e, seja na mesma existência ou em ou­tra(s) posterior(es), ele “sofrerá o que tenha feito sofrer”, não porque apraza a Deus cas­tigar os culpados, mas para que todos se cor­rijam, progridam e sejam felizes. E é assim, deixando-nos experimentar os funestos resultados de nossas más ações, bem como nos ensejando a oportunidade de emen­dar-nos através das vidas sucessivas, que Deus se revela, a um só tempo, soberanamente justo e misericordioso, como convém Àquele que é o Santo do santos.
Quando transportarmos para a vida prá­tica os luminosos ensinamentos do Cristo, pre­ferindo perdoar a usar de represálias, retri­buindo ao mal com o bem, a paz e a alegria farão morada permanente em nossos corações, valendo isso dizer que já estaremos adentran­do “o reino dos céus”.

1.6 – Lei de Progresso
Q.780: O progresso moral acompa­nha sempre o progresso intelectual?
“Decorre deste, mas nem sempre o segue imediatamente.”
Q.792:. Porque não efetua a civili­zação, imediatamente, todo o bem que poderia produzir?
“Porque os homens ainda não estão aptos nem dispostos a alcançá-lo.”
(O Livro dos Espíritos – Allan Kardec)

Segundo a Teologia, o homem fora justo, puro, feliz, e assim poderia ter-se mantido por toda a eternidade. Tentado, por satanás, desobedeceu ao Criador, sofrer, em consequência desse grave a privação da graça, a perda do paz ignorância, a inclinação para o mal, a toda a sorte de misérias do corpo e da alma.
Em outras palavras, isso quer dizer o gênero humano teria surgido na Terra perfeito, ou quase, mas depois se degradou até quem opine que se vem tornando cada vez pior.
A Doutrina Espírita, ao contrário, que o progresso é lei natural, cuja ação sentir em tudo no Universo, não sendo admissível, por conseguinte, possa o homem frustra-la ou contrapor-se-lhe.
Com efeito, impulsionado por ela, lo haver “decaído”, “o rei da criação” foi perdendo, ao longo dos séculos, as ferezas do troglodita, a amoralidade do bárbaro, a insipiência do selvagem, num desenvolvimento intelecto-moral vagaroso, mas seguro e ininterrupto, eis que, “imagem e semelhança de Deus”, está fa­dado a adquirir todos os conhecimentos da Sa­bedoria e todas as virtudes da Santidade.
Claro que ele se encontra, ainda, bastante distanciado dessa perfeição, mas quem quer que conheça um pouquinho de história da civi­lização, não pode deixar de reconhecer o enor­me avanço, não só na técnica como nos costu­mes, que conseguiu realizar.
É verdade, sim, que o seu progresso moral se acha muito aquém do fabuloso progresso intelectual a que chegou, e daí porque prevalece, em nossos dias, uma ciência sem consciência, valendo-se, não poucos, de suas aquisições cul­turais, apenas para a prática do mal.
Os funestos resultados do mau emprego de sua inteligência recairão, porém, fatalmente, sobre si mesmo, arrancando-lhe “sangue, suor e lágrimas” em crescente profusão, até que, trabalhado pela Dor, ganhará experiência, aprendendo então a equilibrar as forças da mente e do coração, como lhe convém, para que sua marcha ascensional se efetue sem quedas nem desvios.
É verdade, também, que o egoísmo e o orgulho, inspiradores de muitas da leis iníquas em vigência neste mundo, favorecendo os po­derosos em prejuízo dos fracos, podem retar­dar, como efetivamente têm retardado, a pros­peridade e o bem-estar comuns.
É que a Providência, para dar ao homem o mérito de elevar-se pelo próprio esforço e livre iniciativa, sempre lhe concede moratória para que corrija e aperfeiçoe suas instituições, vi­sando àquele objetivo.
***
O progresso, para ser legítimo, não pode pres­cindir da elevação moral dos homens, que se haure no Evangelho, sempre atual.
As conquistas da inteligência, embora valiosas, sem a santificação dos sentimentos, conduzem ao des­vario e à destruição.
Para serem autênticas as aquisições humanas, devem alicerçar-se nos valores éticos, sem os quais o conhecimento se converte em vapor tóxico que cul­mina por aniquilar quem o detém.
Estudo, pesquisa, sim, mas amor também.
Examinando a problemática da evolução, os Mensageiros encarregados da Codificação Espírita fo­ram taxativos: “Espíritas! amai-vos, este o primeiro ensinamento; instruí-vos, este o segundo.”
Nem o amor sem equilíbrio, arrebatamento que revela paixão e desconserto interior, nem a instrução intelectual sem o conteúdo de amor, a transformar-se em vapor alucinante de vaidades perniciosas quão destrutivas.
Sem o equilíbrio das duas asas a ave não conse­gue voar, plainando nas alturas.
Amor e conhecimento são as asas harmoniosas para o progresso do homem e dos povos, progresso que, não obstante as paixões nefastas ainda predominantes na natureza animal do homem, será impossível de ser alcançado.
Inexoravelmente o homem avança e sem apelação crescem as sociedades na direção da felicidade, por­que é da Lei que o espírito jamais retrocede, progre­dindo sempre e com ele a sociedade humana, repre­sentada pelas nações, evoluindo sem cessar.

1.7 – Lei de Sociedade
Q.766: A vida social está na Natureza?
“Certamente. Deus fez o homem para viver em sociedade. Não lhe deu inutilmente a palavra e todas as outras faculdades necessárias à vida de relação.”

Q.768: Procurando a sociedade, não fará o homem mais do que obedecer a um sentimento pessoal, ou há nesse sentimento algum providencial objetivo de ordem mais geral?
“O homem tem que progredir. Sozinho, ele não pode porque não têm todas as faculdades. Falta-lhe o contacto com os outros homens. No isolamento, ele se embrutece e se debilita.”

Q. 775: Qual seria, para a sociedade, o resultado do relaxamento dos laços de família?
“Uma agravamento do egoísmo.”
(O Livro dos Espíritos – Allan Kardec)

O homem, inquestionavelmente, é um ser gregá­rio, organizado pela emoção para a vida em sociedade.
O seu insulamento, a pretexto de servir a Deus. constitui uma violência à lei natural, caracterizando-se por uma fuga injustificável às responsabilidades do dia-a-dia.
Graças à dinâmica da atualidade, diminuem as antigas incursões ao isolacionismo, seja nas regiões desérticas para onde o homem fugia a buscar meditação, seja no silêncio das clausuras e monastérios onde pen­sava perder-se em contemplação.
O Cristianismo possui o extraordinário objetivo de criar uma sociedade equilibrada, na qual todos os seus membros sejam solidários entre si.
Negar o mundo do conceito evangélico, não sig­nifica abandoná-lo, antes criar condições novas, a fim de modificar-lhe as estruturas negativas e egoísticas, engendrando recursos que o transformem em reduto de esperança, de paz, perfeito símile do “reino dos céus”, a que se reportava Jesus.
A vivência cristã se caracteriza pelo clima de con­vivência social em regime de fraternidade, no qual to­dos se ajudam e se socorrem, dirimindo dificuldades e consertando problemas.
Viver o Cristo é também conviver com o próxi­mo, aceitando-o conforme suas imperfeições, sem cons­tituir-lhe fiscal ou pretender corrigi-lo, antes acompa­nhando-o com bondade, inspirando-o ao despertamen­to e à mudança de conduta de modo proprio.
A reforma pessoal de alguém inspira confiança, gera simpatia, modifica o meio e renova os cômpares com quem cada um se afina.
Isolar-se, portanto, a pretexto de servir ao bem não passa de uma experiência na qual o egoísmo pre­domina, longe da luta que forja heróis e constrói os santos da abnegação e da caridade.

Criaturas bem intencionadas sonham com comunidades espiritualizadas, perfeitas, onde se possa viver em regime da mais pura santificação.
Assim tocadas programam colméias, organizam comitês para tal fim, e os mais ambiciosos laboram por cidades onde o mal não exista e todos se amem. .
Em verdade, tal ambição, nobre por enquanto im­praticável senão totalmente irrealizável, representa uma reminiscência ancestral das antigas comunidades religiosas onde o atavismo criou necessidades de ele­vação num mundo especial, longe das realidades objetivas entre os homens em evolução.
Jesus, porém, deu-nos o exemplo.
Desceu das Regiões Felizes ao vale das aflições, a fim de ajudar.
Não convocou os privilegiados, antes convidou os infelizes, os rebeldes e rejeitados, suportando suas mazelas e assim mesmo os amando.
No Colégio íntimo esteve a braços com as siste­máticas dúvidas dos amigos, suas ambições infantis, suas querelas frívolas, suas disputas.
Não se afastou deles, embora suas imperfeições, não se rebelou contra eles.
Ajudou-os, íncansavelmente, até os momentos extremos, quando, sofrendo, no Getsemani, surpreen­deu-os, mais de uma vez, a dormir.
E retornou ao convívio deles, quando atemoriza­dos, a sustentá-los e animá-los, a fim de que não deperecessem na fé, nem na dedicação em que se fize­ram mais tarde dignos do seu Mestre, em face dos testemunhos libertadores a que se entregaram.

Amizades e Afeições
Não apenas a simpatia como ingrediente único para facultar que os afagos da amizade te adornem e elevem o espírito.
Muito fácil ganhar como perder amigos. Talvez difícil se apresente a tarefa de sustentar amizades, ao invés de somente consegui-las.
O magnetismo pessoal é fator importante para promover a aquisição de afetos. Todavia, se o com­portamento pessoal não se padroniza e sustenta em diretrizes de enobrecimento e lealdade, as amizades e afeições não raro se convertem em pesada canga, desagradável parceria que culmina em clima de animo­sidade, gerando futuros adversários.
Nesse particular existem pequenos fatores que não podem nem devem ser relegados a plano secundário, a fim de que sejam mantidas as afeições.
A planta não irrigada sucumbe sob a canícula.
O grão não sepulto morre.
O lume sem combustível se apaga.
A máquina sem graxa arrebenta-se.
Assim, também, a amizade que sem o sustento da cortesia e da gentileza se estiola.

Se desejas preservar teus amigos não creias con­segui-lo mediante um curso de etiqueta ou de boas maneiras, com que muitas vezes a aparência estudada, artificial, substitui ou esconde os sentimentos reais. Os impositivos evangélicos que te apliques, ser-te-ão admiráveis técnicas de autenticidade, que funcionam como recurso valioso para a sustentação do bem em qual­quer lugar, em toda situação, com qualquer pessoa.
A afabilidade, a doçura, a gentileza de alguém, aparentemente destituído de simpatia conseguem pro­piciar a presença de amigos, retê-los e torná-los afetos puros para sempre.
Amizades se desagregam ou se desgastam exata­mente após articuladas, no período em que os consór­cios fraternos se descuidam de mantê-las.
E isto normalmente ocorre, como conseqüência de atitudes que se podem evitar: o olhar agressivo;
A palavra ríspida;
O atendimento hostil ou negligente;
A lamentação constante;
A irreverência acompanhada pela frivolidade;
A irritação contínua;
A queixa contumaz;
O pessimismo vinagroso.
Os amigos são companheiros que também têm problemas. Por essa razão se acercam de ti.
Usa, no trato com eles, quanto possível, a bonda­de e a atenção, a fim de que, um dia, conforme Jesus enunciou: “Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz seu senhor; mas, tenho-vos chama­do amigos, porque vos revelei tudo quanto ouvi de meu Pai”, tornando-te legítimo amigo de todos, con­seqúentemente fruindo as bênçãos da amizade e da afeição puras.

1.8 – Lei de Igualdade
Q.803: Perante Deus, são iguais todos os homens?
“Sim, todos tendem para o mesmo fim e Deus fez suas leis para todos. Dizeis freqüentemente: ‘O Sol luz para
todos’ e enunciais assim uma verdade maior e mais geral do que pensais.”
Todos os homens estão submetidos às mesmas leis da Natureza. Todos nascem igualmente fracos, acham-se sujeitos às mesmas dores e o corpo do rico se destrói como o do pobre. Deus a nenhum homem concedeu superioridade natural, nem pelo nascimento, nem pela morte: todos, aos seus olhos, são iguais.

Q.806: É lei da Natureza a desigualdade das condições sociais?
Não; é obra do homem e não de Deus.”
(O Livro dos Espíritos – Allan Kardec)

Ensina a Doutrina Espírita que, perante Deus, todos os homens são iguais, pois tiveram o mesmo princípio e destinam-se, sem exceção, ao mesmo fim: a glória e a felicidade.
As dissemelhanças que apresentam entre si, quer em inteligência, quer em moralidade, não derivam da natureza íntima deles; resul­tam apenas de haverem sido criados há mais ou há menos tempo e do maior ou menor apro­veitamento desse tempo, no desenvolvimento das aptidões e virtudes que lhes são intrínse­cas, consoante o bom ou o mau uso do livre arbítrio por parte de cada um.
Essa igualdade absoluta dos homens pe­rante Deus seria válida também em Sociologia?
“Não; nem é possível. A isso se opõe a diversidade das faculdades e dos caracteres”, já o disseram, há mais de um século, as vozes que ditaram a Kardec os delineamentos filo­sóficos do Espiritismo.
A ambição e a inveja de uns, somadas ao idealismo irrefletido de outros, fazem que mui­tos sonhem com uma quimérica igualdade das riquezas, que, se chegasse a concretizar-se, “se­ria desfeita a curto prazo pela força das coi­sas” —, acrescentaram, ainda, aquelas mes­mas vozes.
Não se infira daí que as falhas de nossa estrutura sócio-econômica, responsáveis por tantos sofrimentos, não devam ser sanadas. Pelo contrário, todos devemos lutar para que as instituições terrenas se aperfeiçoem, permi­tindo alcancemos uma situação tal em que caiam os privilégios de casta ou de nascimento; ex­tingam-se os preconceitos de cor, de raça e de crença; haja oportunidades educacionais para quantos as desejem, indistintamente; as san­ções penais não recaiam tão somente sobre os fracos; a mão-de-obra seja associada e não escrava do capital, etc.
O melhor meio de atingirmos esse obje­tivo, todavia, não é a subversão da sociedade, o que retardaria o progresso e o bem-estar coletivos, mas sim. a cristianização do homem, levando-o ao cumprimento exato de seus deve­res para consigo mesmo, para com o próximo e para com Deus, incutindo-lhe, outrossim, se­rena e inabalável confiança nos desígnios da Providência, que não desampara ninguém e, malgrado certas aparências enganadoras, a to­dos retribui de conformidade com seus mé­ritos, através do mecanismo das vidas su­cessivas.
Urge compreendamos que, qualquer que seja a posição em que se achem situados, “todos os homens são proletários da evolução” e que a diversidade de funções no complexo social é tão indispensável à sua harmonia quanto as variadas finalidades dos órgãos o são ao equi­líbrio de nosso organismo.
“Que os trabalhadores da direção saibam amar e que os da realização nunca odeiem”, tal a equação oferecida pelo Evangelho à problemática social.
Quando o egoísmo e o orgulho deixarem de ser os sentimentos predominantes na Ter­ra; quando compreendermos que somos todos irmãos, amando-nos realmente uns aos outros como preceitua a Religião; todo homem de boa vontade achará ocupação adequada às suas aptidões, que lhe garanta o mínimo necessário a uma vivência compatível com a dignidade humana, e mesmo aqueles que não mais pos­sam manter-se em atividade, por doença ou velhice, terão a seu favor o amparo da lei, sem que precisem humilhar-se, recorrendo àcaridade pública.
Beneficiados pela lei de Deus, que nos as­sinalou um só e único destino, busquemos, to­dos, conquistar a Sabedoria e o Amor, razão teleológica de nossa existência, dedicando-nos ao trabalho e à prática do Bem, guardando a certeza de que, embora momentâneamente colocados em diferentes planos na paisagem so­cial da Terra, em atenção às necessidades evo­lutivas de cada qual, todos caminhamos para um estado de justiça perfeita, o que vale dizer
— todos haveremos de sentir, um dia, o “reino do céu” dentro de nossos próprios corações.

1.9 – Lei de Liberdade
Q.825: Haverá no mundo posições em que o homem possa se vangloriar de gozar de absoluta liberdade?
“Não, porque todos necessitais uns dos outros, assim os pequenos como os grandes.”

Q.826: Em que condições poderia o homem gozar de absoluta liberdade?
“O eremita no deserto. Desde que juntos estejam dois homens, há entre eles direitos recíprocos que lhes cumpre respeitar; não mais, portanto, qualquer deles goza de liberdade absoluta.”

Q.827: A obrigação de respeitar os direitos alheios tira ao homem o de pertencer-se a si mesmo?
“De modo algum, porquanto este é um direito que lhe vem da natureza.”
(O Livro dos Espíritos – Allan Kardec)

O homem é, por natureza, dono de si mes­mo, isto é, tem o direito de fazer tudo quanto achar conveniente ou necessário à conservação e ao desenvolvimento de sua vida.
Essa liberdade, porém, não é absoluta, e nem poderia sé-lo, pela simples razão de que, convivendo em sociedade, o homem tem o de­ver de respeitar esse mesmo direito em cada um de seus semelhantes.
Isto posto, todo e qualquer costume, que torne uma pessoa completamente sujeita a ou­tra, constitui uma iniquidade contrária à lei de Deus.
Durante muito tempo, aceitou-se, como justa, a escravização dos povos vencidos em guerras, assim como foi permitido, pelos có­digos terrenos, que homens de certas raças fôssem caçados e vendidos, quais bestas de carga, na falsa suposição de que eram seres inferiores e, talvez, nem fôssem nossos irmãos em humanidade.
Coube ao Cristianismo mostrar que, pe­rante Deus, só existe uma espécie de homens e que, mais ou menos puros e elevados eles o são, não pela cor da epiderme ou do sangue, mas pelo espírito, isto é, pela melhor compreensão que tenham das coisas e principal­mente pela bondade que imprimam em seus atos.
Felizmente, de há muito que a escrava­tura foi abolida e, com ela, o privilégio que tinha o senhor de poder maltratar impunemen­te o escravo, ou mesmo matá-lo, se assim lhe aprouvesse.
Agora, todos somos cidadãos, podendo dis­por, livremente, de nossos destinos.
A liberdade de pensamento e a de cons­ciência, por se inscreverem, também, entre os direitos naturais do homem, conquanto pade­çam, ainda, aqui, ali e acolá, certas restrições e repressões, vêm alcançando, igualmente, no­táveis progressos.
De século para século, menos dificuldade encontra o homem para pensar sem obstáculos e, a cada geração que surge, mais amplas se tor­nam as garantias individuais no que tange à inviolabilidade do foro íntimo.
Nas dissensões religiosas, as chamas das fogueiras foram substituidas pelas luzes do es­clarecimento, e na catequese filosófica ou política, estejamos certos, daqui para o futuro, buscar-se-á empregar, cada vez mais, a força da persuasão ao invés da imposição pela força.
Sem dúvida, estamos ainda muito distan­tes de uma vivência mundial de integral res­peito às liberdades humanas; todavia, já as aceitamos como um ideal a ser atingido, e isso é um grande passo, pois tal concordância há-de levar-nos, mais dia, menos dia, a esse estado de paz e de felicidade a que todos aspiramos.

Direito de Liberdade
Intrinsecamente livre, criado para a vida feliz, o homem traz, no entanto, ínsitos na própria consciên­cia, os limites da sua liberdade.
Jamais devendo constituir tropeço na senda por onde avança o seu próximo, é-lhe vedada a exploração de outras vidas sob qualquer argumentação, das quais subtraia o direito de liberdade.
Sem dúvida, centenas de milhões de seres transi­tam pela infância espiritual, na Terra, sem as condi­ções básicas para o auto-discernimento e a própria con­dução. Apesar disso, a ninguém é lícito aproveitar-se da circunstância, a fim de coagir e submeter os que seguem na retaguarda do progresso, antes competindo aos melhor dotados e mais avançados distender-lhes as mãos, em generosa oferenda de auxílio com que os educarão, preparando-os para o avanço e o crescimen­to.
Liberdade legítima decorre da legítima responsa­bilidade, não podendo aquela triunfar sem esta.
A responsabilidade resulta do amadurecimento pessoal em torno dos deveres morais e sociais, que são a questão matriz fomentadora dos lídimos direitos hu­manos.
Pela lei natural todos os seres possuímos direitos, que, todavia, não escusam a ninguém dos respectivos contributos que decorrem do seu uso.
A toda criatura é concedida a liberdade de pen­sar, falar e agir, desde que essa concessão subentenda o respeito aos direitos semelhantes do próximo.
Desde que o uso da faculdade livre engendre so­frimento e coerção para outrem, incide-se em crime passível de cerceamento daquele direito, seja por par­te das leis humanas, sem dúvida nenhuma através da Justiça Divina.
Graças a isso, o limite da liberdade encontra-se inscrito na consciência de cada pessoa, que gera para si mesma o cárcere de sombra e dor, a prisão sem bar­ras em que expungirá mais tarde, mediante o impositi­vo da reencarnação, ou as asas de luz para a perene harmonia.

Prega e vive o amor conforme o ensinou Jesus.
Ensina e usa a verdade em torno da vida em triunfo, de que está referto o Evangelho, a fim de se­res livre.
Atém-te aos deveres que te ensinam engrandeci­mento e serviço ao próximo.
O trabalho pelos que sofrem limites e tumultos ensinar-te-á auto-conhecimento, favorecendo-te com o júbilo de viver e a liberdade de amar.
Na violência trágica do Gólgota não vemos um vencido queixando-se, esbravejando impropérios e ex­plodindo em revolta. Sua suprema sujeição e seu gran­dioso padecimento sob o flagício da loucura dos per­seguidores gratuitos atingem o clímax no brado de per­dão a todos: ingratos, cruéis, insanos, em insuperável ensinamento sobre a liberdade de pensar, falar e agir com a sublime consciência responsável pelo dever cumprido.


O Livre Arbítrio
O livre arbítrio é definido como “a facul­dade que tem o indivíduo de determinar a sua própria conduta”, ou, em outras palavras, a possibilidade que ele tem de, “entre duas ou mais razões suficientes de querer ou de agir, escolher uma delas e fazer que prevaleça sobre as outras”.
Problema fundamental da Filosofia ética e psicológica, vem sendo estudado e discutido acaloradamente desde os primeiros séculos de nossa era, dando ensejo a que se formulassem, a respeito, várias doutrinas díspares e antagô­nicas até.
Acham alguns que o livre arbítrio é abso­luto, que os pensamentos, palavras e ações do homem são espontâneos e, pois, de sua inteira responsabilidade.
Evidentemente, laboram em erro, porqüanto não há como deixar de reconhecer as inúme­ras influências e constrangimentos a que, em maior ou menor escala, estamos sujeitos, capazes de condicionar e cercear a nossa liber­dade.
No extremo oposto, três correntes filosó­ficas existem que negam decisivamente o livre arbítrio: o fatalismo, o predestinacionis­mo e o determinismo.
Os fatalistas acreditam que todos os acon­tecimentos estão prêviamente fixados por uma causa sobrenatural, cabendo ao homem apenas o regozijar-se, se favorecido com uma boa sor­te, ou resignar-se, se o destino lhe for adverso.
Os predestinacionistas baseiam-se na sobe­rania da graça divina, ensinando que desde toda a eternidade algumas almas foram pre­destinadas a uma vida de retidão e, depois da morte, à bem-aventurança celestial, enquanto outras foram de antemão marcadas para uma vida reprovável e, consequentemente, precon­denadas às penas eternas do inferno. Se Deus regula, antecipadamente, todos os atos e todas as vontades de cada indivíduo — argumen­tam —, como pode este indivíduo ter liber­dade para fazer ou deixar de fazer o que Deus terá decidido que ele venha a fazer?
Estas duas doutrinas, como se vê, redu­zem o homem a simples autômato, sem mérito nem responsabilidade, ao mesmo tempo que re­baixam o conceito de Deus, apresentando-O àfeição de um déspota injusto, a distribuir gra­ças a uns e desgraças a outros, ünicamente ao sabor de seu capricho. Ambas repugnam às consciências esclarecidas, tamanha a. sua aber­ração.
Os deterministas, a seu turno, sustentam que as ações e a conduta do indivíduo, longe de serem livres, dependem integralmente de uma série de contingências a que ele não pode furtar-se, como os costumes, o caráter e a in­dole da raça a que pertença; o clima, o solo e o meio social em que viva; a educação, os princípios religiosos e os exemplos que receba; além de outras circunstâncias não menos im­portantes, quais o regime alimentar, o sexo, as condições de saúde, etc.
Os fatores apontados acima são, de fato, incontestáveis e pesam bastante na maneira de pensar, de sentir e de proceder do homem.
Assim, por exemplo, diferenças climáticas, de alimentação e de filosofia, fazem de hindus e americanos do norte tipos humanos que se distinguem profundamente, tanto na complexão física, no estilo de vida, como nos ideais; via de regra, a fortuna nos torna soberbos, en­quanto a necessidade nos faz humildes; um dia claro e ensolarado nos estimula e alegra, contràriamente a uma tarde sombria e chuvo­sa, que nos deprime e entristece; uma sonata romântica nos predispõe à ternura, ao passo que os acordes marciais nos despertam ímpetos belicosos; quando jovens e saudáveis, estamos sempre dispostos a cantar e a dançar, já na idade provecta, preferimos a meditação e a tranqüilidade, etc.
Daí, porém, a dogmatizar que somos com­pletamente governados pelas células orgânicas, de parceria com as impressões, condicionamen­tos e sanções do ambiente que nos cerca, vai uma distância incomensurável.
Com efeito, há em nós uma força íntima e pessoal que sobreexcede e transcende a tudo isso: nosso “eu” espiritual!
Esse “eu”, ser moral ou alma (como quer que lhe chamemos), numa criatura de pequena evolução espiritual, realmente pouca liberdade tem de escolher entre o bem o mal, visto que se rege mais pelos instintos do que pela inte­ligência ou pelo coração. Mas, à medida que se esclarece, que domina suas paixões e desen­volve sua vontade nos embates da Vida, adqui­re energias poderosíssimas que o tomam cada vez mais apto a franquear obstáculos e limi­tações, sejam de que natureza forem. Não é só. Habilita-se também a pesar as razões e medir conseqüências, para decidir sempre pelo mais justo, embora desatendendo, muitas ve­zes, aos seus próprios desejos e interesses.
Um dia, como o Cristo, poderá afirmar que já venceu o mundo, pois, mesmo faminto, terá a capacidade de, voluntàriamente, abster-se de comer; conquanto rudemente ofendido, saberá refrear sua cólera e não revidar à ofen­sa; e, ainda que todos ao seu derredor estejam em pânico, manterá, imperturbável, sua paz interior.


Fatalidade e Destino
Fatalidade e destino são dois termos que se empregam, amiúde, para expressar a força determinante e irrevogável dos acontecimentos da vida, bem assim o arrastamento irresistível do homem para tais sucessos, independentemente de sua vontade.
Estaríamos nós, realmente, à mercê dessa força e desse arrastamento?
Raciocinemos:
Se todas as coisas estivessem previamente determinadas e nada se pudesse fazer para impedi-las ou modificar-lhes o curso, a criatura humana se reduziria a simples máquina, desti­tuída de liberdade e, pois, inteiramente irres­ponsável.
Subseqüentemente, os conceitos de Bem e Mal ficariam sem base, tornando nulo todo e qualquer princípio ditado pela Moral.
Ora, é evidente que, quase sempre, nossas decepções, fracassos e tristezas decorrem, não de nossa “má estrela”, como acreditam os supersticiosos, mas pura e simplesmente de nossa maneira errônea de proceder, de nossa falta de aptidão para conseguir o que ambicionamos, ou por uma expectativa exageradamente oti­mista sobre o que este mundo nos possa ofe­recer.
Importa reconhecermos, entretanto, que, embora grande parte daquilo que nos acontece sejam consequências naturais de atos cons­ciente ou inconscientemente praticados por nós, ou por outrem, com ou sem a intenção de atingir-nos, vicissitudes, desgostos e aflições há que nos alcançam sem que possamos atri­buir-lhes uma causa cognoscível, dentro dos quadros de nossa existência atual.
Sirvam-nos de exemplo certos acidentes pessoais, determinadas doenças e aleijões, de­sastres financeiros absolutamente imprevisí­veis, que nenhuma providência nossa ou de quem quer que seja teria podido evitar, ou o caso de pessoas duramente feridas em suas afeições ou cujos reveses cruéis não depen­deram de sua inteligência, nem de seus es­forços.
As doutrinas que negam a pluralidade das existências, impossibilitadas de apresentar uma explicação satisfatória para essa importante questão, limitam-se a dizer que os desígnios de Deus são imperscrutáveis, ou a recomendar paciência e resignação aos desgraçados, como se isso fôsse suficiente para saciar a sede das mentes perquiridoras e tranquilizar os cora­ções dilacerados pela dor.
A Doutrina Espírita, ao contrário, com a chave da reencarnação, faz-nos compreender claramente o porquê de todos os problemas re­lacionados com a nossa suposta “má sorte”.
Os acontecimentos que nos ferem e ma­goam, no corpo ou na alma, sem causa ime­diata nem remota nesta vida, longe de se cons­tituírem azares da fatalidade ou caprichos de um destino cego, são efeitos da Lei de Retorno, pela qual cada um recebe de volta aquilo que tem dado.
Em anterior(es) existência(s), tivemos a, faculdade de escolher entre o amor e o ódio, entre a virtude e o vicio, entre a justiça e a iniquidade; agora, porém, temos que sofrer, inexoràvelmente, o resultado de nossas deci­sôes, porque “a semeadura é livre, mas a co­lheita é obrigatória”.
Quando assim não seja, as dificuldades e os sofrimentos por que passamos fazem parte das provas por nós mesmos escolhidas, antes de reencarnarmos, com o objetivo de desenvolver esta ou aquela boa qualidade de que ainda nos ressentimos, ativando, destarte, nosso aperfei­çoamento, a fim de merecermos acesso a planos mais felizes onde a paz e a harmonia reinam soberanamente.
Em suma, algumas circunstâncias graves, capazes de ensejar nosso progresso espiritual, podem, sim, ser fatais; mas já vimos que somos nós próprios, no exercício do livre arbí­trio, que Lhes geramos as causas determinantes.
Nosso presente nada mais é, portanto, que o resultado de nosso passado, assim como nosso futuro está sendo construído agora, pelos pensamentos, palavras e ações de cada mo­mento.
Tratemos, então, de dignificar nossa pre­sença à face da Terra, agindo sempre em con­formidade com as leis divinas, para que nossas agruras de hoje se transformem, amanhã, sô­mente em bênçãos e alegrias, bem-estar e tran­quilidade.


1.10 – Lei de justiça, de amor e de caridade
Q.873: O sentimento da justiça está na natureza, ou é resultado de idéias adquiridas?
“Está de tal modo em a natureza, que vos revoltais à simples idéia de uma injustiça. É fora de dúvida que o progresso moral desenvolve esse sentimento, mas não o dá. Deus o pôs no coração do homem. Daí vem que, freqüentemente, em homens simples e incultos se vos deparam noções mais exatas da justiça do que nos que possuem grande cabedal de saber.”

Q.875: Como se pode definir a justiça?
“A justiça consiste em cada um respeitar os direitos dos demais.”

Q.886: Qual o verdadeiro sentido da palavra caridade, como a entendia Jesus?
“Benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão das ofensas.”
(O Livro dos Espíritos – Allan Kardec)

Direito e Justiça deveriam ser sinônimos perfeitos, ou seja, deveriam expressar a mes­ma virtude, pois, se aquele significa “o que é justo”, esta se traduz por “conformidade com o direito”.
Lamentàvelmente, porém, aqui na Terra, Direito e Justiça nem sempre se correspondem, porque, ignorando ou desprezando a Lei de Deus, outorgada para a felicidade universal, a justiça humana há feito leis prescrevendo como direitos umas tantas práticas que favorecem apenas os ricos e poderosos, em detrimento dos pobres e dos fracos, o que implica tremenda iniquidade, assim como há concedido a alguns certas prerrogativas que de forma nenhuma poderiam ser generalizadas, constituindo-se, por conseguinte, em privilégios, quando se sabe que todo privilégio é contrário ao direito comum.
O escravismo, com todas as crueldades que lhe eram peculiares, p. ex., foi por muito tempo consagrado como coisa legal, isto é, um “direi­to” assegurado pelos sistemas sociais vigentes por mais de um milênio; o assassínio igualmen­te tem sido utilizado, em inúmeros casos, qual um “direito”, não apenas pelos indivíduos como pela própria Sociedade; o “jus primae noctis”, na Idade Média, dava ao barão feudal “direi­to” de deitar-se com a noiva dos seus servos antes que ela se juntasse ao noivo; no século 17, quando era costume todos os homens portarem um instrumento mortífero, pois ti­nham que estar preparados para matar ou ser mortos, aos nobres cabia o “direito” de se ar­marem com espadas de um metro de compri­mento, enquanto os plebeus só podiam usar pu­nhais de até 30 centímetros; nações houve e talvez ainda haja, cuja governança, por “di­reito” expresso em suas constituições, só podia ser exercida por alguém de determinada con­fissão religiosa, com exclusão das demais; o exercício de cargos eletivos, em muitos países, era ou ainda é um “direito” civil reservado ex­clusivamente aos proprietários; regimes de tra­balho especiais, aposentadorias especiais, grati­ficações especiais, imunidades especiais, isen­ções especiais, licenças especiais, etc, são ou­tros tantos “direitos” sacramentados por leis, em um e outro hemisfério.
Ora, esses modos de agir, conquanto ba­seados na jurisprudência terrena, não se har­monizam com a verdadeira justiça, a justiça natural, que o divino mestre Jesus sintetizou na máxima: “Tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-o também vós a eles.” (Mat. 7:12)
Se a aplicássemos em nossas relações so­ciais, em toda e qualquer circunstância, jamais erraríamos. Ninguém deseja para si senão o que é agradável, bom e útil; assim, se cada qual procedesse com seus irmãos de conformi­dade com aquela regra, é evidente que só lhes faria o bem, resultando daí a extinção do egoísmo, que é a causa mâter de quase todos os atritos e conflitos que infelicitam a Huma­nidade.
“Em todos os tempos e sob o império de todas as crenças — comenta Kardec (capítulo 11º, questão 876) — o homem sempre se esforçou para que prevalecesse o seu direito pessoal. A subli­midade da religião cristã está em que ela to­mou o direito pessoal por base do direito do próximo.
Talvez nos digam que se os homens atri­buírem a si mesmos, indistintamente, iguais di­reitos, a hierarquia de poderes será desfeita e então o caos, e não a ordem, é que prevalecerá no complexo social.
Respondemos com as vozes do Alto: “Os direitos naturais são os mesmos para todos os homens, desde os de condição mais hu­milde até os de posição mais elevada. Deus não fêz uns de limo mais puro do que o de que se serviu para fazer os outros, e todos, aos seus olhos, são iguais. Esses direitos são eter­nos. Os que o homem estabeleceu perecem com as suas instituições. Demais, cada um sente bem a sua força ou a sua fraqueza e saberá sempre ter uma certa deferência para com os que a mereçam por suas virtudes. É impor­tante acentuar isto, para que os que se julgam superiores conheçam seus deveres, a fim de merecer essas deferências. A subordinação não se achará comprometida, quando a autoridade for deferida à sabedoria”.
Com efeito, não há razão para temer-se que o reconhecimento da igualdade dos homens possa prejudicar a organização social.
Muitos costumes do passado, que hoje con­sideraríamos bárbaros e monstruosos, foram julgados “direitos” naturais, conformes aos có­digos da época, e sua supressão, ao invés de arruinar a sociedade, vem-na tornando cada vez mais perfeita, aproximando-a, pouco a pouco, do estado ideal.
À medida que os homens progridem em moralidade, melhores concepções vão tendo acerca de tudo, de sorte que, quando o Cristia­nismo se haja implantado, de verdade, em cada coração, o Direito e a Justiça confundir-se-ão finalmente, fundamentando-se numa só norma: “ama a teu próximo como a ti mesmo”, pois em tal consiste “toda a Lei e os Profetas”.

Ante o Amor
Quando te encontres semi-vencido pelos proble­mas que comumente assaltam o homem na trilha da evolução, já experimentando o ressaibo da amargura e do desencanto, ou quando à borda do resvaladouro, na direção do crime e da alucinação, antes da decisão aconselhada pela ira ou pela violência, perguntes ao Amor a trilha que deves tomar e o Amor te responde­rá com sabedoria como prosseguires, não obstante o céu nublado e os caminhos refertos pela perplexidade e pelo pavor.
Talvez não consigas alcançar a meta da paz que persegues imediatamente nem a logres em caráter me­diato-próximo.
No entanto, não desfaleças na tentativa.
O amor te faltará em mansuetude e brandura, paz e esperança.
Todo esse conjunto de valores exigir-te-á grande esforço e aguardarás tempo, a fim de se materializarem, modificando o contingente das realizações habituais.
Apesar da aspereza que a decisão amorosa te exi­girá, fruirás desde o início da decisão uma tranqüili­dade que decorre da consciência liberada das amarras infelizes do personalismo enfermiço quanto do egoís­mo perturbador.
No Amor — Causa primeira de todas as coisas porqüanto a Criação é um ato de amor — se iniciam e se findam todas as ambições, encontrando-se respostas para todas as situações da problemática moral e hu­mana.
Ante. o Amor, a dificuldade torna-se desafio,
a dor faz-se teste,
a enfermidade constitui resgate,
a luta se converte em experiência,
a ingratidão ensina,
a renúncia liberta,
a solidão prepara
e o sacrifício santifica...
Naturalmente o Amor impõe necessidades e valo­res retributivos, quiçá desconhecidos no momento da doação.
Quando, porém, alguém recebe o magnetismo do amor, sem que o perceba, vitaliza-se, acalma-se, reno­va-se e ama. Nem sempre devolve àquele que lhe doa a força do amor, não obstante retribui a dádiva esparzindo-a e dirigindo-a a outrem. E isto é o mais importante.
Talvez seja necessário que o teu amor atinja o martírio para alcançar o fim a que se destina. Entre­tanto, se te negas à doação total, eis que não amas, ver­dadeiramente, apenas impões transitório capricho que desejas receber transformado num amor que te irri­gue e sustente, sem que o mereças, porém.
Desse modo, recorda Jesus, em qualquer circuns­tância ou posição em que te encontres, e, à semelhan­ça d’Ele, consulta e responde com amor, não fazendo ao teu próximo o que não gostarias que este te fizesse.
O Amor tudo resolve. Experimenta-o desde agora.

Confiança e Amor
Se confias na Providência Divina não te agastes em face das incompreensões que te surpreendem no ideal do bem a que te dedicas.
Possivelmente encontrarás pessoas que desfilam na Terra cercadas de bajuladores e ovacionadas pelo entusiasmo geral, sem que, no entanto, se dediquem a qualquer mister de enobrecimento. Por isso mesmo são elogiadas, por outros equivocados, que se demoram na inutilidade.

Se te reservas a alegria do serviço nobre, não es­peres resultados favoráveis aos teus empreendimentos superiores.
Certamente há muitos que coletam provisões de simpatia e entusiasmo com facilidade, não obstante permaneçam insatisfeitos.

Se preferes a dedicação exclusiva à Seara do Cris­to, defrontarás empecilhos e mal-querenças onde espe­ravas que medrariam amor e fraternidade.
É provável que noutros campos de ação compa­reçam sorrisos e gentilezas de caráter exterior, porqüanto os homens são sempre homens — nem anjos nem demônios — lutando contra as imperfeições onde quer que se encontrem.

Na Terra, a felicidade somente é possível quan­do alguém se esquece de si mesmo para pensar e fazer tudo que lhe seja possível em favor do seu próximo.
A felicidade perfeita, se existisse, no mundo, se diluiria ante uma criança infeliz, um enfermo ao aban­dono, um velhinho relegado ao esquecimento...
Não pretendas, portanto, ouropéis enganosos, cortesias especiais, reconhecimento imediato, favori­tismo ou, mesmo, entendimento fraternal...
Como não é correto cultivar pessimismo, não é proveitoso sustentar ilusão de qualquer matiz.
Se confias na Misericórdia de Deus, trabalha sem desfalecimento e ama em qualquer circunstância, sem distinção nem preferências, recordando Jesus, que em­bora Modelo Impar, não encontrou, ainda, no mundo o entendimento nem a aceitação que merece.

Auxílio a Sofredores
Diante deles, os sofredores de qualquer espécie, po­licia a conduta no ato de ajudá-los.
Tragam-te ao conhecimento problemas econômi­cos, morais ou de saúde, não te revistas de falsa supe­rioridade, assumindo a aparência de benfeitor, com que poderás constrangê-los, adicionando às já existen­tes, novas aflições.
Cada dificuldade se resolve mediante recurso específico.
Não os padronizes, igualando suas dores somente porque façam parte da imensa massa de padecentes da Terra.
Este deseja externar aflições e receber amizade Aquele anseia por socorro imediato através do pão ou do medicamento e, talvez, no desespero em que se vê colhido, não disponha das palavras próprias, fa­zendo-se impertinente, rebelde, inquieto.
Esse, ferido nos dédalos da alma por dardos ve­nenosos, está prestes a sucumbir e necessita de um amigo.
Aqueloutro, desarvorado por inquietações psíqui­cas e emocionais, perdeu o contato com a realidade objetiva e desvaira, ansiando por alívio.
Propõe-te solidariedade e alcança-os com os teus sentimentos fraternos.
Não os objurgues, amargando o pão que por aca­so disponhas para ofertar-lhes.
Nada lhes exijas, em face da moeda ou da pala­vra que lhes distendas.
Se te escassearem meios externos com que lhes diminuas as penas, recorre ao auxílio espiritual sem­pre valioso: a prece, a água fluidificada, o passe para a restauração das suas forças.
Sempre possuis algo para doar.

Há quem ajude avinagrando a linfa da generosi­dade.
Muitos confortam e reprocham simultaneamente.
Diversos socorrem e advertem, chamando a aten­ção para a dádiva que dispensam.
Uns abrem os braços à dor, mas não ocultam o
enfado, a saturação logo nos primeiros tentames, is to quando não exteriorizam o azedume e a censura rude.
Estão na provação hoje, os que não souberam uti­lizar-se dos bens da vida com a necessária correção no passado.
Sofrem os que iniciam o processo evolutivo por meio da dor-burilamento.
Batem-te à porta, buscam-te o socorro, pedem-te compreensão. Não lhes recuses o amor.

Jesus recomendou-nos com a Sua autoridade in­conteste: “Batei e abrir-se-vos-á; buscai e achareis; pe­di e dar-se-vos-á.”
Se esperas encontrar à tua disposição a Miseri­córdia Divina, amanhã, sê, agora, o mensageiro dela em relação aos que te batem à porta, te pedem e te buscam, executando o mais meritório esforço na cari­dade: dar e dar-se sempre sem limite.

Referências Bibliográficas
1. O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, Q. 614 a 892.
2. As Leis Morais, Rodolfo Calligaris.
3. Leis Morais da Vida, Divaldo Pereira Franco.